Em Buenos Aires

domingo, 18 de dezembro de 2011

Enquanto houver sol


O verão ainda nem chegou, mas o calor já se instalou aqui tem algum tempo. Eu que nasci num lugar onde só existem duas estações do ano, a que chove e a que não chove, confesso que nunca vi muita graça nesta coisa de fritar no sol.

Como boa cearense, gosto mesmo é de banho de chuva, disputo uma vaga para o carro na sombra quando o sinal fica vermelho e adoro passar frio (mas frio mesmo, daquele que a gente fala e sai fumaça pela boca). Mas também, admito, me encanto e fico meio de boca aberta quando tenho a oportunidade de ver as mudanças de estações do ano.

Na primeira vez que morei no exterior, torcia para o inverno não acabar. Mas me diverti bastante quando a primavera chegou e depois o verão. Numa segunda vez, até fiz uma vaquinha com uns amigos para comprar um barco inflável (mas é melhor nem contar o desdobramento dessa história). Mesmo assim, nunca entendi a mania dos americanos de colocar a mesa na calçada e comer no meio do sol. Sempre pensava no que o meu avô acharia daquilo.

Quando cheguei na Argentina estava frio, do jeito que gosto. E isso tornava a vida nova muito melhor. O frio tem, sem dúvida, um certo glamour. É a melhor temperatura para tomar um vinho, um café, fumar um cigarro... Ideal também para longas caminhadas, sem ficar encharcada de suor.

Mas o frio também implica em colocar uma montanha de roupa, carregar casaco, cachecol, não poder sair com criança de casa, etc Então, chegou uma hora que foi dando uma canseira. E aí, veio o calor e junto com ele o cenário da cidade mudou.

Os argentinos começaram a ocupar cada pedacinho de grama de Buenos Aires, disputando um lugar ao sol. Eles aproveitam os parques, as praças e fazem de um tudo lá; se sentem em casa, literalmente. Tem homem de barrigão de fora tomando cerveja no gargalo, mulher de biquini, gente tomando mate (o mesmo que chimarrão), comendo ou fumando um baseado (coisa mais comum do mundo por aqui, a qualquer hora, em qualquer lugar).

Em Beagá, costumam dizer que quem não tem mar vai pro bar. Aqui, quem não tem mar vai pro parque, pra praça ou pra rua mesmo. E não é que pode ser divertido?

Aproveito pra curtir com o Tomás. Já conhecemos quase todos os parquinhos das redondezas. Passeamos, fazemos piquenique, alimentamos os pombos, etc Mas o melhor de tudo isso é que daqui a pouco, quando o calor começar a cansar, o frio vai voltar. E é exatamente por isso que eu adoro as estações do ano.   

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Falando de amor

O amor é um sentimento tão forte que nem precisa de palavras. Muito antes de começarem a falar, as crianças aprendem a linguagem do amor. Beijam, abraçam, dão e recebem carinho. E mesmo sem pronunciar a palavra amor, quando começam a a balbuciar as primeiras palavras, conseguem que um mamã mal pronunciado valha mais que qualquer poema ou novela romântica e compense todas as noites sem dormir.

Eu falo muito de amor e falo a palavra amor repetidas vezes durante o dia. Chamo o César de meu amor, o Tomás de amor da mamãe, falo do meu amor de filha para os meus pais e por aí vai. Falo tanto que o Tomás começou a repetir. Quando digo amor, ele repete "mô" e quando digo te amo, ele tenta imitar dizendo "mamo".

O mais engraçado é quando pergunto quem é o amor da mamãe e ele responde: papai. E quem é a coisa linda da mamãe? Papai. Garoto esperto, que aos poucos vai descobrindo todas as nuances e facetas desta palavrinha tão difícil de explicar ou entender, mas tão fácil de sentir e falar. Tomás, "mamo".     

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Proibido não tocar


O último fim de semana foi longuíssimo; com dois feriados, posse da Cristina e visita da Dilma. Ou seja, César trabalhando muito e eu usando a criatividade para distrair o Tomás por quatro dias, sem escola e sem ajuda nenhuma. E haja passeio no shopping, no parque, na pracinha, banho de mangueira, DVD do Patati Patatá (essa é a pior parte).

Resolvi então seguir a dica de algumas amigas e levar o Tomás ao Prohibido No Tocar, um museu interativo de ciências. E ele adorou!! Quando digo que o Tomás gosta de museu, as pessoas sempre riem e não acreditam, mas ele gosta sim, então, imaginem um museu onde ele pode tocar em tudo e girar e puxar e pisar e sentar.

A proposta do museu é ensinar brincando e atrair curiosos de 4 a 100 anos, mas o Tomás curioso e precoce como é aproveitou bastante com seu pouco mais de 1 ano e meio. Claro que ele ainda não é capaz de entender, mas eu mesma, na maioria das experiências, deixei de lado a explicação e me encantei com as luzes, cores, movimentos.

Além de ser interessante e divertido, o museu fica no Centro Cultural da Recoleta onde sempre há alguma exposição e mostra temporária para conferir. Na frente, tem ainda uma feira de artesanato e ali pertinho, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, o cemitério da Recoleta e uma série de barzinhos e restaurantes. E pra completar, o passeio da nossa casa até lá, pela Avenida del Libertador é uma delícia.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Liberdade, liberdade

Pronto, era só o que me faltava. O Tomás aprendeu a sair do berço. Deixei o quarto e ele estava lá quietinho, dormindo. Depois de algum tempo, ouvi uns barulhinhos que só ele sabe fazer. Voltei ao quarto e o berço estava vazio. Ele já estava na sala, em pé, morrendo de rir, esperando ser encontrado. Pela manhã, saiu sozinho novamente.

Eu já sabia há algum tempo que essa coisa de dormir no berço não ia durar muito. Ele tentava sair desde os três meses e agora, que conseguiu, está todo orgulhoso do feito.

É hora de começar mais uma etapa, a de passar a dormir de cama. Já procurei e não encontro uma minicama para comprar, parece que aqui não é tão comum quanto no Brasil. Acho que vou colocar uma grade removível na bicama do quarto dele e seja o que Deus quiser.

O que mais me assusta no momento é imaginar que o Tomás, com todo o seu discernimento de 1 ano e 7 meses, pode sair andando sozinho, a qualquer da noite, pela casa. E agora, como faz?  

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Borges e a cidade

O passeio começou na rua Maipú, 994, no bairro Retiro, endereço onde Borges viveu por mais de 40 anos até sair de Buenos Aires. Passou pela Galeria del Este, quase em frente ao apartamento do escritor. Lá, havia uma livraria e, no último dia de Borges na Argentina, ele esteve no local autografando livros.

A caminhada continuou pela Praça San Martin, também frequentada pelo autor portenho. O destino final era a casa do poeta Oliverio Girondo, hoje um anexo do Museu de Arte Hispono-americana Isaac Fernandez Blanco. Entre uma residência e outra, hotéis de luxo, lojas de antiguidades, uma famosa boate dos anos 1970, palácios residenciais.

Girondo foi um poeta de vanguarda, que passou alguns anos no Brasil, escreveu um poema intitulado Rio de Janeiro. Promovia festas com convidados ilustres como Garcia Lorca, Pablo Neruda e também Borges. Mas, além de companheiros de algumas noitadas, vocês devem estar se perguntando o que Borges e Girondo têm em comum. A resposta é nada.

O serviço turístico de Buenos Aires usa temas como a literatura, a música, a história para criar circuitos de visitas guiadas. Este reuniu os últimos anos de Borges e a boemia de Girondo, mas a história dos autores é apenas um pano de fundo do tour. A grande protagonista é a cidade.

A cidade também é uma figura central no filme Medianeras. Não fosse ela, seria apenas mais uma comédia romântica para se esquecer na próxima esquina. Mas as comparações dos contrastes urbanos com os dos personagens elevam o filme de categoria. E esses contrastes estão muito pesentes na praça San Martin, pertinho da casa do Borges; o moderno e o antigo, o com estilo e o sem estilo, e por aí vai.

Ali de frente para a praça também está o edifício Kavanagh, que já foi o mais alto da América Latina. Reza a lenda que Corina Kavanagh construiu o prédio para separar a casa dos Anchorena da igreja construída por esta família, desagradando a matriarca Mercedes (desafeto dela, digamos assim). Essa história aparece no filme.

A cidade separa e, por fim, acaba unindo os personagens em Medianeras. Mas não seria assim também, muitas vezes, na vida real?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Oriente é aqui

Finalmente, fomos ao bairro chino. Vários amigos do Brasil viram a matéria da Delis Ortiz na TV Globo e escreviam dizendo que devíamos ir lá. Na verdade, fiquei com vontade de conhecer desde que li e guardei uma matéria que saiu há algumas semanas no La Nación. Mas foi depois de assistir a Um conto chino, último filme do Ricardo Darín, que a vontade aumentou.

O lugar parece um pedacinho do Oriente em Buenos Aires. Tem desde artesanato chinês (ou o que poderia ser algo próximo disso) a produtos made in china das nossas famosas lojas de 1,99. Os supermercados vendem comidas que nem imagino o que sejam, mas também mariscos frescos, grãos (nosso feijãozinho tão raro por aqui), farinha (sim, de mandioca) e, pasmem, suco maguari direto do Brasil.

Mas o que dá mesmo água na boca são os restaurantes. Muitos chineses, mas também de comida oriental, como uma filial do famoso parisiense Buddha, e ainda o primeiro tailandês da Argentina, o Lotus. Este último foi a nossa escolha para o almoço.

Além de lindo, o restaurante tem uma comida deliciosa, seguindo os princípios tailandeses de reunir todos os sabores - doce, picante, ácido, amargo e salgado - num mesmo prato. Até o Tomás experimentou uma ou outra coisa e gostou.


Tomás ensaiando comer de hashi

O bairro chino fica em Belgrano, onde também está a única região considerada montanhosa da cidade (quem já morou em Beagá fica se peguntando onde estão as ladeiras) e o museu de arte espanhola Enrique Larreta, que eu também já queria conhecer há algum tempo. A coleção é incrível, mais ainda, porque pertenceu a uma única pessoa. Vale a visita, afinal, Buenos Aires é muito, mas muito mais mesmo, que Recoleta e Florida.

Ah, ia esquecendo de dizer. O Tomás está cada dia mais acostumado a visitar museus, se comporta direitinho e até se diverte, observando as obras ou brincando no jardim, como fez no museu Larreta.        

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Era uma vez um bebê...

Quando saímos de Beagá e deixamos pra trás o quarto do Tomás e quase toda a parafernália de bebê, acho que, de certa forma, também decidimos deixar um bebê no Brasil e trazer um menino pra Buenos Aires. E, pelo visto, o Tomás está cumprindo o combinado.

Não sei se as crianças são assim mesmo, amadurecem da noite para o dia, ou se a nossa falta de superproteção e de zelo excessivo acabaram por forçar um amadurecimento mais precoce do Tomás. De qualquer forma, a minha maior preocupação sempre foi criar um filho forte e independete. Então, até aqui estamos indo bem.

A fase de adaptação às mudanças passou rápido e o Tomás parece curtir a vida nova tanto quanto a gente. Tem amigos na escola - já fica lá de meio-dia às 17h e no próximo ano vai ficar o dia todo- e é nosso companheirinho de todas as horas, de passeios no parque a visitas a museus (sim, ele adora ver exposições) e farras de carne e batata frita, com direito a sorvete de doce de leite de sobremesa.

Independente, quer fazer tudo sozinho, até comer. Toma banho de chuveiro. Escolhe o tênis que vai calçar e o DVD que quer assistir. Pede para mudar o canal da TV, para ver fotos dos avós e para falar com eles no computador. Não chora por quase nada. Organizado, ajuda a guardar os brinquedos. Quando troca a fralda, pega a suja e coloca no lixo. Se vê um sapato no meio da casa, vai correndo colocar no guarda-roupa.

Quase bilíngue. Quase porque ainda não fala tudo, mas entende tanto o português quanto o espanhol e obedece nas duas línguas. E mais que isso, compreende. Se explico que tal coisa não pode ser assim, ele aceita. Se digo que o papai viajou e só volta amanhã a noite, não pergunta por ele até que chegue a hora do retorno. E também já arrisca algumas palavrinhas na língua dos hermanos.

Além dos amiguinhos da escola, tem uma melhor amiga, a Lina - filha da minha ajudante peruana com um marroquino. Quando ela chega, é uma festa em casa. Os dois adoram a galinha pintadinha e são cúmplices nas travessuras.

Ontem, pela primeira vez, não tomou mamadeira de madrugada. Acho que era uma necessidade maior da minha parte que da dele. Eu dava enquanto ele dormia, porque o Tomás sempre comeu pouco e não ganhava muito peso. E confesso: era um momento muito nosso, quando eu ainda o sentia muito pequeno e desprotegido nos meus braços. Mas agora ele está comendo melhor e engordou quase um quilo nos últimos dois meses. Ou seja, é hora da mamãe ouvir os pediatras e ter coragem pra mudar o comportamneto. Se o Tomás amadurece, a mamãe também precisa amadurecer.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um tesouro platino

Quem visitar Buenos Aires pode agora conhecer mais a fundo o espanhol falado e escrito pelos argentinos. O Museu do Livro e da Língua tem proposta semelhante ao nosso da língua portuguesa e acaba de ser inaugurado.

Se ainda faltava motivo pra vir à capital portenha, fica aí mais uma dica.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1062557

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Carrinho pra que te quero

Eu sou daquelas mães que carrega o filho pra quase todos os lugares (com exceção de inferninhos e baladas que vão até de manhã), mais por necessidade que por opção. Coisa de quem tem filho longe da família e sem babá.

Por isso, os carrinhos são grandes aliados. E viver a experiência de sair com alguém que de certa forma anda sobre rodas faz perceber o quanto a acessibilidae é importante.

Por todas as cidades brasileiras onde passei com o Tomás, empurrar o carrinho foi difícil. Umas mais, outras menos. As calçadas são ruins ou inexistentes e sem rebaixamento. Sempre imagino como deve ser a vida de quem precisa se deslocar numa cadeira de rodas.

Neste aspecto, Buenos Aires - ou pelo menos a parte de Buenos Aires que conheço - ganha das nossas cidades. As calçadas são largas e rebaixadas na entrada e na saída das faixas de pedreste. Com exceção de alguns restaurantes com escada na entrada, quase todos os lugares tem rampa de acesso. Ponto para os argentinos.

Talvez por isso, e também porque a cidade é cheia de espaços públicos, a gente vê carrinhos por todos os lados. Os bebês - alguns bem pequenos e outros que já quase não cabem mais nos carrinhos - são carregados pra cima e pra baixo. Às vezes em programas pra eles - porque aqui tem muita coisa pra criança -, em outras por necessidade do pais; nos supercados, bancos, farmácias, etc É comum nos depararmos com congestionamento de carrinhos.

A impressão que dá é que em Buenos Aires as pessoas vivem a cidade. Cidadãos de 0 a 100 anos circulam pelas ruas, com direito de ir e vir respeitado. Mais um ponto pra eles. Agora, o ponto a nosso favor é que aqui idosos e crianças não tem prioridade. Talvez a fila ficasse grande demais...

Tomás no primeiro domingo em Buenos Aires. Domingo frio 

Passeando em São Paulo

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A casa de Vitória Ocampo

Uma boa dica pra quem vem a Buenos Aires com um pouco mais de tempo ou já conhece a cidade e resolveu voltar (e desta vez quer sair do circuito Florida-Recoleta-Puerto Madero) é conhecer Villa Ocampo, em San Isidro, na grande Buenos Aires.

A mansão, sem estilo definido, foi projetada para ser uma casa de veraneio e fins de semana da família. Mas Vitória Ocampo acabaria transformando-a em resiência. Ali, a produtora cultural e editora da revista Sur viveu boa parte da vida.

Quando passou a morar em Villa Ocampo, Vitória já havia iniciado a revista e a editora Sur, dando espaço para nomes ainda pouco conhecidos e que se tornariam garndes mestres da literatura argentina, como Borges e Cotázar. Não precisa dizer que o local viu florescer grandes talentos das letras e artes argentinas.

O  jardim, o mobiliário, a biblioteca e o café de Villa Ocampo já valem a visita, mas o que encanta mesmo atmosfera. Já pensou passar uma tarde no mesmo ambiente onde estiveram Neruda, Ortega y Gasset e Indira Ghandi? E dar uma espiada num piano tocado por Stravinsky?

Os saraus na casa de Vitória reuniam a nata da intelectualidade mundial e continuam de certa forma vivos e guardados em Villo Ocampo, afinal esta foi a intenção da dona ao doar o imóvel para Unesco.


                                           Tomás no jardim de Villa Ocampo

Dá pra ir de ônibus ou de trem. Uma boa opção é o trem de la costa - como o próprio nome sugere vai pelas margens do Rio del Plata - saindo da estação Maipu, em Vicente Lopez, e descendo na estação de San Isidro, que tem restaurantes e lojinhas. De lá até Villa Ocampo são uns 15 quarteirões. Precisa ter disposição, é bom olhar o mapa antes pra não se perder e é melhor se não tiver que empurrar um carrinho de bebê.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ele já tem vida social

Neste fim de semana, não foi o Tomás que nos acompanhou em um programa com nossos amigos. Mas nós que fomos jantar na casa de uma amiguinha da escola dele.

A família é americana e veio passar o sabático do pai em Buenos Aires, para conhecer e aprender espanhol. Eles são da Califórnia e têm dois filhos, uma de quase dois (que é da classe do Tomás) e outro de quatro. Chegaram na mesma semana que eu e nossos filhos entraram na escola juntos.

Foi uma noite de intercâmbio cultural, muito inglês e espanhol, regado a um bom vinho argentino e acompanhado de um churrasco no estilo coreano. Ou seja, o Tomás não só tem uma vida social como proporciona encontros multiculturais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Travessuras do Tomás

Eu não posso deixar de contar as duas últimas travessuras do Tomás...

Na semana passada, eu sai para resolver umas coisas e quando voltei pra casa encontrei a Nancy (uma peruana boníssima que me ajuda em casa pela manhã), com uma cara de assustada, sem saber como me contar o que aconteceu.

Bom, o que aconteceu é que o Tomás não só subiu no móvel da TV (que na verdade é uma escrivaninha, enquanto a mudança não chega. Ou seja, mais alta que um móvel de TV convencional), mas também derrubou a TV.

Nada aconteceu, ele não se quebrou nem quebrou a TV, mas foi por pouco. E eu nem posso repreendê-la, porque coisas assim também acontece quando estou cuidando dele. Basta um segundo de distração para o Tomás aprontar.

Ontem, estávamos César e eu conversando, quando percebemos que o Tomás havia saído da sala. Antes mesmo de irmos ao encontro dele, ouvimos um choro vindo do banheiro e corremos pra lá. E lá estava o Tomás, molhado dos cabelos às pantufas chorando dentro da banheira (não é uma banheira de plástico, dessas de criança, aqui ele toma banho em banheira de adulto).

Foi impossível não rir e dou gargalhada até agora quando lembro da cena, mas sei do risco que correu. A culpa foi minha porque esqueci de esvaziar a banheira depois do banho dele e a sorte é que tinha pouca água. Acho que ele tentou entrar pra pegar um brinquedo e caiu de cara.

Não me importo com as travessuras, afinal, menino danado é menino com saúde. Mas também é um perigo. Por isso, servem para me lembrar que não dá pra tirar o olho dele nem por um segundo...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um lindo lugar para se viver

De uma coisa eu não posso reclamar, do lugar que moramos. Buenos Aires é uma cidade linda e vivemos num pedacinho chamado Palermo Chico, ainda mais bonito (diferente do que pensava, Palermo não é só um bairro, mas uma região com vários bairros como Palermo Chico, Palermo Soho, Palermo Hollywood, etc).

Sempre que digo onde moro para algum argentino, escuto que este é um lugar muito diferente do resto da cidade, da Buenos Aires de verdade.

De um lado do nosso apartamento está o parque de Palermo e o Jardim Japonês, que tem um dos melhores restaurantes de comida japonesa da cidade, com preço bem honesto (principalmente para nós que temos uma moeda mais valorizada. Ao contrário do que dizia um primo quando morava na Europa, aqui quem converte, se diverte).

E do outro lado está o Malba (Museu de Arte Latina de Buenos Aires). Pra quem não conhece, fica a dica.

Conhecer o Malba é como fazer uma viagem pela arte latina do século XX, passando pelo modernismo dos anos 20, arte política dos 30, surrealismo, arte concreta e contemporânea.

Lá estão quadros de brasileiros, como Tarsila do Amaral, Portinari e Hélio Oiticica, de uruguaios, como  Rafael Barradas e Torres-García, da mexicana Frida Khalo, e claro de diversos argentinos, como Xul Solar e Antonio Berni.

Os que postos aqui são da Tarsila e da Frida Khalo, afinal, as mulheres de coragem andam me inspirando muito nos últimos tempos (deve ser influência da minha amiga Edma, que também tem um blog http://www.fclandestina.blogspot.com/).

Abaporu - 1928

                                            Autorretrato con chango y loro - 1942

E vocês devem peguntar se é possível visitar museu com criança. A resposta é mais ou menos. Quando o Tomás era menor, era mais fácil. Agora, o tempo da visita quem decide é ele. Quando cansa e começa a reclamar, é hora de ir embora. Por isso, ainda quero voltar ao Malba outras vezes. Convidados?

sábado, 27 de agosto de 2011

Mi principito

Nesta semana, o Tomás ficou sozinho pela primeira vez sozinho na creche. Na quinta e na sexta. Um grande progresso, que signifivou ter uma hora e meia só pra mim por dois dias, dedicada a pequenos luxos como tomar um café, ler um jornal, fumar um cigarro.. Não tem preço. Quem sabe na próxima semana ele já fique a tarde toda.

A adaptação tem sido um pouco lenta; talvez pela língua, talvez porque a creche aqui seja um pouco diferente da que ele estava acostumado. Em BH, ficava num berçário com outras quatro crianças e duas cuidadoras.  Aqui, são 12 crianças numa salinha de aula com duas professoras. E o Tomás quer atenção o tempo todo.

Não sei se é falta de informação nossa ou se as mães argentinas recorrem menos à creche que as brasileiras. Mas procurei bastante e só encontrei uma para crianças com menos de de dois anos. E nem é tão perto de casa assim. Chama-se El Principito e tem uma proposta construtivista, o que muito me agrada, com diversas atividades lúdicas.

E esta é a foto do Tomás, de uniforme, no primeiro dia de aula.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mulheres de coragem

Li a matéria do La Nacion e queria dividir com vocês. É sobre as repórteres que cobrem o conflito na Líbia. São jornalistas, mulheres, mães.. Todas com muita coragem.

http://www.lanacion.com.ar/1400454-mujeres-reporteras-en-primera-linea

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mamãe, coragem em Buenos Aires

Sempre soube, desde muito antes de ter filho, que pra ser mãe é preciso ter coragem. Quem não se deu conta da vírgula ou não leu o post em que explico o nome do blog talvez não tenha percebido que coragem aqui não é um adjetivo, mas um apelo.

Viver no exterior também é sempre uma experiência desafiadora e com uma criança pequena nem se fala. Por isso, o grito por coragem agora é ainda mais alto e peço que façam coro comigo.

Tenho precisado de muito coragem mesmo. Pra encarar um novo jeito de viver, pra ter paciência, tranquilidade e não me angustiar com o porvir. Coragem pra ser mais mãe que qualquer outra coisa neste momento. E não é nada fácil.

O Tomás tem precisado muito de mim e não sei se consigo me dedicar tão integralmente quanto deveria. Parece que quanto mais tempo se tem para um filho, menor é o tempo de qualidade que se dedica a ele. Pelo menos, comigo é assim.

Mas estou tentando. O desafio agora é criar uma nova rotina e um ambiente em que se sinta bem. Comecei a decorar o quarto dele e consegui uma pessoa para ajudar em casa, que tem uma filha quase da idade do Tomás. Os dois já se tornaram melhores amigos e companheiros de travessuras do Tomás.

Ele também começou a ir para a creche às tardes, mas ainda está em fase de adaptação, por isso tenho que ir junto. Em Beagá, adorava  acreche, agora, está mais resistente. Acho que é muita mudança acontecendo ao mesmo tempo e o melhor remédio talvez seja mesmo esperar, que uma hora a vida volta ao normal.

Enquanto isso, mamãe precisa de muita coragem pra seguir em frente.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Esta nossa vida de vai e vem

Por conta da mudança, o Tomás está passando alguns dias na casa dos avós em Fortaleza. Ficamos de coração partido de tanta saudade, mas não teria como ser de outro jeito.

Foram duas mudanças. Uma pra Buenos Aires e outra pra São Paulo, fora as coisas vendidas que saíram aos poucos. Agora, estamos hospedados na casa de amigos, trabalhando e resolvendo pintura, vistoria, entrega de apartamento, etc

Ontem, quando falamos com o Tomás por telefone, ele arrancou o celular da mão da minha mãe e começou a correr pela sala gritando mamãe e papai (ele fala assim, direitinho). E não devolvia o celular por nada, se ela chegava perto ele gritava não. Ouvi tudo pelo viva-voz e acho que ele pensou que a gente estava dentro do telefone.

Resolvi escrever contando porque tenho pensado muito sobre tempo e distância ultimamente. Acho que começou na nossa última ida a Brasília, com um grande encontro com meus pais, padrinhos do Tomás e vários tios de coração. Claro, que  faltaram muitos representantes do meu rol de afetos. Talvez pelos presentes ou pelos ausentes e já sabendo da mudança pra Buenos Aires, voltei com um grande aperto no peito. Uma sensação de que meu coração está sempre dividido, sempre em diferentes lugares deste mundão.

E com o meu pequeno já é assim, embora ele nem compreenda. O Tomás encontra avós, padrinhos, tios, recebe todos os paparicos e depois fica sem entender como eles desapareceram. Desta vez, até o pai e mãe, que estão sempre ali, desapareceram. A babá e os amiguinhos da creche também. Deve ser confuso pra cabecinha dele.

Eu escolhi meus caminho e trilhei, fui levando um pouco de cada lugar por onde passei e deixando um pouco de mim. Mas o Tomás nem teve escolha. Já nasceu andarilho. E é quase uma música do Chico, o pai paulista, o avô cearense e o bisavô mineiro.

De tanto andar, talvez um dia queira parar. Mas ainda temos um longo caminho a seguir. E até lá, vai dando sempre aquela vontade de poder reunir todos os amores num mesmo lugar.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Mãe que trabalha é mais feliz

Lembrei de uma conversa que tive, logo que voltei a trabalhar com uma amiga (que também trabalha muito, tem mais filhos que eu e um blog super legal http://www.tresoumais.blogspot.com/). E a conclusão que chegamos é que mães que trabalham são muito mais felizes. Pelo menos, na nossa opinião.

Já vi mãe sofrer, chorar, pensar em desistir de tudo na hora de voltar da licença maternidade. Eu voltei feliz da vida. Sabia que meu filho estava bem, seguro e deu um gostinho bom, depois de tanto tempo, sentir que continuei tendo uma vida só minha, com espaço pra trabalhar, bater papo com os amigos e, por que não, até tomar uma cervejinha depois do trabalho (mesmo que isso só aconteça muito de vez em quando).

É claro que mãe que trabalha se desdobra. No meu caso é assim. Acordo 5h30 (preciso dissolver um remédio, mas explico isto em um novo post sobre refluxo que estou devendo), levando as 6h. Dou mamaderia, troco fralda, roupa, deixo na creche antes das 8h e começo a trabalhar (maquiada e escovada). Ufa!!

Depois do trabalho, pego na creche e fico com ele até a hora de colocar pra dormir ou de ter que voltar pra trabalhar a noite, o que acontece com uma certa frequencia. O mais difícil é quando a hora de dormir não chega nunca, porque a febre apareceu antes.

Dá trabalho, mas quem disse que mães não tem super poderes? Quem não se desdobra ou nunca viu a própria mãe ou a dos outros se desdobrar atire a primeira pedra. (Fiz até uma matéria de dia das mães sobre essas jornadas duplas, triplas, quádruplas).

O bom é saber dividir. Ter tempo pra continuar sendo profissional, mulher, filha, amiga e tantos outros papéis que desempenhamos. E ter tempo pra criança, mas, neste caso, qualidade vale mais que quantidade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Bicho é cucu


Decidi que o dia das mães não seria meu, mas do Tomás. Afinal, ele é o "culpado" por eu ser mãe. E confesso outro motivo: é cada vez mais difícil fazer programas de adulto (como restaurante, exposição, etc) com ele.

Então, a escolha do domingo foi uma visista ao zoológico, depois de um almoço rapidíssimo no shopping pra ele não cansar.

O Tomás ficou encantado com os bichos. Vimos rinoceronte, elefante, girafa, macaco, etc Mas acho que o que mais chamou a atenção foram as araras. Na hora que as viu cantando (arara canta?) e voando, falou: "é cucu, mamã". E eu contei ao César que o Tomás estava chamando pássaro de cucu.

Depois notei que ele começou a chamar outros bichos de cucu também. Já em casa, quando fui colocá-lo pra dormir, ele pegou o tigrinho de pelúcio no berço (é o amiguinho do sono, que dorme com ele), segurou e continuou falando cucu. Hoje pela manhã, ficou me mostrando bichinhos em um livro e repetindo cucu. Entendi que cucu é bicho.

Não sei se  ouviu o som de algum bicho ou se foi alguma coisa que falei e ele entendeu cucu. Talvez. Mas é interessante e até engraçado a construção da linguagem. É uma lógica que já perdemos, de dar nome as coisas e tentar comunicar com poucas palavras. Por exemplo, pra ele, nenê é criança, mas também é um monte de coisa que ele gosta, como chupeta e brinquedo. Agora, mamã é mamãe e fim de papo.

O dia foi todo dedicado ao Tomás e valeu a pena. Ontem nem li jornal e juro que também não reclamei disto. Mas terminei o dia chorando. Quando fui dar a última mamadeira da noite, caiu a ficha que em muito pouco tempo, ele não vai mais precisar de mim pra comer, tomar banho, trocar fralda. Não vai querer nem saber de dormir na minha cama. Um dia, provavelmente, eu vou ficar torcendo pra que ele me faça pelo menos uma visita no final de semana. E chorei. Coisa de mãe. Logo eu que sempre achei engraçado as mães da minha família serem tão choronas, fiquei assim. Mãe é mesmo tudo igual!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Celebrando a vida


Todo mundo fala que festa de aniversário de um ano é pros pais e não pra criança. E é mesmo! A gente quer celebrar a vida que mal começou, o ano vivido e o que está por vir. No meu caso, não faltavam motivos para comemorar. Meu filho foi o melhor e mais inesperado presente que ganhei.

Decidimos festejar em São Paulo, onde moram os avós paternos. Os meus pais também foram e mais alguns amigos muito queridos dos quatro cantos do Brasil.

Fizemos questão de uma festa pequena, sem exageros ou gastos absurdos, mas com balões, brinquedos, doces e uma decoração de coelhinhos. Tudo como ele merece. O Tomás curtiu e eu mais que ele.

A minha ideia pro convite era uma foto dele com orelhinhas de coelho, mas o papai exigiu a de viajante. Achei coerente com a vida andarilha desta família, que já se prepara para mais uma mudança. Pelo visto, a vida do Tomás ainda será de muitas andanças nos próximos anos.

O primeiro ano de vida do meu filho trouxe mais que alegrias, também reflexões e lembranças. Lembro do dia que ele nasceu como se fosse ontem. Do começo das contrações no restaurante (esperei todo mundo terminar de almoçar pra contar), de arrumar o cabelo antes de ir pro hospital, do carinho da família e da equipe na sala de parto, das horas tentando ter parto normal (o que não consegui, uma frustração que talvez valha um outro post).

O mais inesquecível mesmo foi o momento em que vi o Tomás pela primeira vez. Aquele sentimento nunca vou esquecer. Acho que é até por isso que algumas pessoas criam coragem de ter mais filhos, só pra ter aquela sensação do primeiro encontro de novo.

E depois que nasce, como a vida muda. Não só pelas noites acordadas, trocas de fraldas e mamadas. É a nossa forma de ver a vida que se transforma. O dia rende (parece ter 50 horas), a serenidade aparece nos momentos que menos se espera e a gente aprende, ou pelo menos, tenta dar a cada coisa o valor que elas realmente tem.

O meu dia-a-dia se tornou muito mais complexo. Não são raras as vezes em que sinto falta daquela minha vida livre, de tomar uma cerveja depois do trabalho, voltar pra casa na hora que dá vontade. Mas a recompensa da privação é o sorriso. E o amor incondicional.

A principal lição é viver cada dia intensamente, porque passa muito rápido. Parece que foi ontem e o Tomás já tem um ano.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pernas pra que te quero

Sempre achei que um dia estaria brincando com o Tomás e, de repente, ele ia sentar, engatinhar ou andar e eu correria para escrever no carderninho (leia-se blog, facebook e twitter). Mas não é bem assim que acontece ou, pelo menos, com ele não foi assim que aconteceu.

O aprendizado é gradual. São várias tentativas para um sentada que dura um segundo, depois dois, depois três. Então, é difícil demarcar o ponto entre o antes e o depois de sentar.

Quando começou a engatinhar, foi a mesma coisa. Ensaiva uma engatinhada daqui outra de lá. Algumas vezes de quatro e em outras se arrastando como uma cobra. O marco foi o dia que conseguiu contornar a sala inteira e não parou mais.

E agora, ele anda e eu nem dizer quando mesmo ele começou a andar. Acho que só me dei conta quando cheguei na cheche e a tia disse: ele não para mais de andar.

Pois é, antes era só segurando no sofá. Foi soltando aos poucos e dando uns passinhos e outros mais. No dia do meu aniversário, até notei que a caminhada foi um pouco maior. E agora, quando quer claro, ele anda mesmo. Ainda meio desengonçado, tropeçando, mas com a firmeza de quem tem um longo caminho pela frente.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A violência da burca

A proibição da burca na França é um ato tão intolerante, pra não dizer violento, contra as mulheres quanto a obrigação do uso imposta por alguns países ou famílias. Mas diz-se muito pouco a respeito. É mais fácil aceitarmos a opressão para impor a nossa cultura ou o que consideramos civilização do que aceitar os costumes do outro.

A tradição do burca e do véu no Islã surgiu para proteger as mulheres, assim como a poligamia. Os árabes do tempo de Maomé viviam em tribos nômades e eram muito comum homens de comunidades rivais sequestrarem esposas.

Hoje, o costume se mantém por dois motivos: interpretação ao pé da letra do alcorão, sem o necessário entendimento que os tempos são outros e convicção religiosa.

As mulheres vítimas da opressão da burca, provavelmente, não serão mais livres na França. Talvez, seja proibidas de sair de casa. E aquelas que usam por opção serão privadas de um direito.

Um artigo do professor Timothy garton, publicado no Estadão domigo (10/4), cita um estudo realizado pelo projeto At Home in Europe da Open Society Foundations. Foram entrevistadas 32 mulheres que usam o véu para cobrir o rosto todo na França. "Todas, menos duas, são os primeiros membros de suas famílias a fazer isso, e quase todas insistem que o fazem por uma questão de livre escolha. Várias optaram por usá-lo contra a resistência inicial de maridos, pais e mães. (As famílias frequentemente temiam que elas provocassem hostilidade nas ruas, e com certa razão.)"

Tive uma professora de árabe, egípcia, que nunca usou burca, mas usa ou, pelo menos, usava véu. Segundo ela, para se sentir mais perto de Alá. E fazia questão de dizer que a mãe a avó dela nunca fizeram o mesmo.

Minha avó, muito católica, também já usou véu por motivo religioso. E conheço muitos jovens da renovação carismática que ostentam cruzes no pescoço.

Eu sou a favor da liberdade. E liberdade é até mesmo ter o direito de aderir a um costume considerado por nós pouco libertário.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A hora das viroses

Tenho escrito pouco e a culpa é dos bichinho que resolveram habitar o corpo do meu filho. Pra mim, esta é a parte mais difícil da maternidade.

Não reclamei das noites acordadas, do choro, nem de ter pouco leite. Mas criança doente é de partir o coração de qualquer mãe. 

Ouvi de um médico de pronto-socorro que as crianças pegam de seis a oito doenças respiratórias por ano. Na creche, em contato com outras crianças, o número dobra. Ou seja, mais de uma por mês. E tem sido assim mesmo. O Tomás passa mais tempo doente que saudável.

Também fui informada de que existem mais de 130 causas para febre. Eu realmente precisava desta informação??

O pior é que dizem só melhorar quando a criança troca os dentes. Coisas da natureza. Mas o Tomás ainda não tem nenhum dente, então vislumbro um longo caminho pela frente.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Primeiro corte de cabelo

Antes - cabeludo no parque



O Tomás sempre foi cabeludo e nós últimos meses foi ficando também cheio de cachinhos. Eu achava lindo, mas comecei a ficar incomodada (por ele) com o cabelo caindo nos olhos o tempo todo. Então, passei a pensar que estava chegando a hora do primeiro corte.

Mas até eu tomar essa decisão demorou um pouco. Queria deixá-lo mais tempo com cara de bebê, deixar para cortar só quando estivesse mais perto do aniversário de um ano. Pensei em aparar as pontinhas em casa mesmo, mas desisti.

Quando ele foi pra Fortaleza no Carnaval até minha mãe (mais relutante ao corte que eu) concordou que o cabelo estava ficando grande demais. Ele até já tinha sido chamado de Justin Bieber e Restart, pode?? Tudo por causa da cabeleira. "Cabelo, cabeleira, cabeludo, descabelado"", mas lindo.

Sábado, então, decidi que estava na hora. E sem amadorismos. Levei num lugar especializado em corte infantil indicado por uma colega de trabalho. E fomos lá, o César e eu munidos de máquina fotográfica e muita disposição para segurar o Tomás, tirar fotos e recolher os cabelos que caíam no chão.

Antes ainda o levamos pela primeira vez ao parque de diversões. Andou no patinho com a mamãe e no cavalinho com o papai. Ou seja, um dia cheio de emoções.

Ele estava dormindo quando chegou ao salão e não quis nem sentar no carrinho (diversão demais pra um dia só, deve ter pensado). Ficou no meu colo mesmo. Reclamou e chorou um pouco, entre um tesourada e outra.

Durante - sem gostar da brincadeira














Mas foi rápido e como recompensa pelos momentos estressantes ainda ganhou um pirulito. Mais uma experiência nova pra ele. Na minha opinião ficou, ou melhor, continuou lindo como sempre. E olhem só o resultado.

Depois - ainda meio bravo














sexta-feira, 11 de março de 2011

Cortando o cordão II

O Tomás agora vive novas aventuras na creche.

A adaptação dele foi fácil e tranquila, como eu já esperava. No primeiro dia, ficou uma hora, no segundo, três e no terceiro, o horário todo.

O único problema foi a virose. Ficou doente de cara. E, pela primeira vez, tivemos que levá-lo ao hospital. Conheci mais uma face das angústias da maternidade.

Recuperado (ele é forte), voltou às atividades e teve até aula de música. Uma semana depois, adoeceu de novo e tprecisou que tomar antibiótico.

Agora está bem e saltitante novamente. Pelo menos até a próxima virose... O médico disse que demora uns seis meses até ele criar resistência.

Apesar de tudo, acho o saldo positivo. Ir pra creche é bom pra ele, que brinca e se diverte com outras crianças. E bom pra mim, que trabalho mais tranquila sabendo que ele está num ambiente seguro.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não se pode duvidar da força de um povo

Quem duvidava da força e do poder de transformação do povo árabe deve ter se surpreendido nos últimos dias. Primeiro, os tunísios derrubaram uma ditadura de 23 anos. Depois, foram os egípcios que colocaram um ponto final no governo de 30 anos de Mubarak.

Quando os protestos do Egito começaram, especulava-se que haveria uma virada islãmica, ou seja, a tão "temida" Irmandade Mulçumana acabaria tomando o poder. É uma dicotomia simplista que coloca de um lado ditaduras seculares e de outro radicais islâmicos usada por nós ocidentais para sustentar governos ditatoriais como o de Mubarak.

Não foi bem o que aconteceu. E, ao contrário, do que se podia esperar, os egípcios não desmobilizaram, não cederam às promessas de aumento nem à repressão. Ao final, ainda deram um exemplo de cidadania limpando as ruas.

Eu que sempre sou otimista continuo acreditando numa transição democrática. Os militares não ousariam contrariar a vontade do povo (acho).

Agora novos protestos eclodem ou continuam na Líbia, Iêmen, Bahrein, Marrocos. É a voz do povo árabe gritando para ser ouvida. É o esforço de um povo para ser protagonista da sua história sem interferências externas para decidir por este ou aquele regime.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Porque o mundo não é mais o mesmo...

E será que alguém duvida disso?

Os recentes protestos em países árabes revelaram mais que o descontentamento com regimes autoritários. Expuseram ao mundo o uso que as massas podem fazer das redes sociais.

Muito antes da mídia tradicional se interessar e mostrar a onda de revolta na Tunísia - que culminou na queda de um presidente no poder há 23 anos -, cidadãos comuns noticiavam os acontecimentos via twitter, facebook e youtube.

O movimento contagiou os internautas egípicios que organizaram uma comunidade de mais de 90 mil pessoas no facebook. Lá, os protestos que já colocaram 1 milhão nas ruas começaram online. E foi possível assistir ao vivo transmissões por celular feitas por cidadãos comuns.

O governo chegou a proibir a internet no país, mas o google liberou um canal para envio de tuítes por telefone.

São novas formas de mobilização que tomam corpo, mas também a ocupação de um espaço - antes exclusivo dos meios de massa - pelas redes sociais.

Quando ainda se usavam as expressões primeiro, segundo e terceiro, era comum a defesa por parte de estudiosos da comunicação de uma produção regionalizada da informação, ou seja, a chance do terceiro mundo ter voz própria.

Alguns autores chamavam as agências internacionais de notícia de empresas transnacionais, que determinavam o que deveria ser considerado notícia. O resultado, para esses autores, era uma homogeneização da informação a partir de empresas localizadas em regiões centrais do mundo.

O discurso podia ser considerado, portanto, pela ótica do que Iris Marion Young denomina imperialismo cultural.

Para a autora, o conceito implica na universalização da experiência e da cultura de um grupo dominante e na imposição dessas como normas. Os grupos dominantes projetam suas próprias experiências como representativas da humanidade como um todo e, assim, reforçam sua posição ao submeter os outros grupos aos critérios de suas normas dominantes.

Mas hoje, tal discussão parece perder o sentido. Qualquer cidadão comum tem o poder de disserminar a informação, escrever no twitter, no facebook, postar vídeos, fotos na internet.

Não existe mais um mundo que interessa ao noticiário ou não, nem um discurso dominante ou não, se pensarmos que a informação é disseminada de tal forma, que mesmo as grandes agências ou redes de comunicação fazem uso do que os internautas divulgam.

Estamos diante de uma nova forma de pensar o mundo e fazer jornalismo. E precisamos estar preparados para não ignorar o que acontece bem na frente dos nossos olhos: na tela do computador.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Novas peripécias do Tomás

Andei um pouco afastada do blog, as férias no Rio, SP, Fortaleza, Foz e Brasília me deixaram meio sem tempo pra escrever. Mas não posso deixar de registrar as últimas peripécias do meu pequeno garoto esperto.

O Tomás já engatinha e fica em pé. E agora é que ninguém segura mesmo este menino.

O bom de ter uma criança pequena é perceber como a vida se renova, como tudo muda todos os dias. Sempre se aprende ou se descobre algo novo. Acho que por isso comecei este ano com uma sensação incrível de invencibilidade, de que nada pode dar errado.

E eis que logo no primeiro dia do ano o Tomás, que já ensanhava algumas engatinhadas, saiu rastejando pela sala inteira. Isso no momento da posse, enquanto a Dilma passava as tropas em revista.

É muito simbólico! Uma mulher chega a presidência, assume o comando das forças armadas depois de ter sido presa e torturada e meu filho resolve me mostrar do que ele é capaz justo neste momento.

Só posso acreditar que a vida é mesmo incrível e dá muitas voltas. Assim, como ele deu na sala.

Há poucos dias, ficou em pé, segurando no sofá, pra tentar pegar, claro, o meu computador. O Tomás é fascinado por computador, controle remoto, celular..

Eu não sei se é o preto que chama a atenção dele, os botões ou se esta nova geração já nasce mesmo com um chip programa tecnologicamente.

Se vem com um chip, devia, pelo menos, vir também com botão de desliga e manual de instruções.