Em Buenos Aires

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Legislação argentina na vanguarda



O projeto de um novo código civil está tramitando no Congresso Argentino, prevendo, por exemplo, normas para barriga de aluguel e contratos matrimoniais. A legislação tenta se adequar às mudanças tecnológicas e de modos de vida num mundo que muda cada vez mais rápido. E a Argentina tem estado na vanguarda na aprovaçäo de leis, principalmente, relacionadas aos direitos individuais e de minorias.

Na semana passada, o Congresso argentino aprovou duas leis nesse sentido. A primeira – menos polêmica – é a da morte digna. Menos polêmica, porque até os religiosos mais fervorosos (pelo menos, os católicos) encontram amparo numa encíclica do papa João Paulo II contra o prolongamento artificial da vida. É sabido que o próprio papa se negou a receber tal tipo de tratamento.

A segunda – esta sim mais polêmica e divisora de opiniões – é da identidade de gênero. A partir de agora, a mudança de nome e sexo em todos os documentos, inclusive certidão de nascimento, é garantida gratuitamente e sem autorização judicial. A permissão vale inclusive para menores de idade, desde que tenham aprovação dos pais ou, no caso de negativa destes, por vias judiciais. A lei também obriga os planos de saúde a realizar cirurgias de mudança de sexo.

A Argentina é o segundo país da América Latina, depois apenas da Colômbia, a legislar sobre o assunto. No resto do mundo, outros exemplos são da Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suiça e Inglaterra. No Brasil, as cirurgias são feitas pelo SUS, mas a mudança de documentos ainda requer a autorização judicial.

O casamento igualitário é outra garantia legal na Argentina desde 2010, apenas nove anos depois da pioneira Holanda. O prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, até aproveitou para criar um novo nicho no mercado turístico da capital portenha. O processo foi desburocratizado para permitir que um casal oficialize a união em apenas cinco dias.

No Brasil, o direito à união homoafetiva foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, mas não existe lei que trate do assunto. O presidente americano Barack Obama, recentemente, se declarou favorável ao casamento igualitário. Lá, apenas sete estados garantem o casamento igualitário.

O curioso é a legislação argentina ter avançado tanto em tão pouco tempo. Para se ter uma ideia, a lei do divórcio só foi aprovada em 1987, dez anos depois da brasileira e sob fortes protestos dos estratos mais conservadores. Apenas 25 anos depois, o cenário é outro.

A Argentina também vence o Brasil de goleada quando se trata de direitos humanos. Enquanto, só agora a gente tem uma comissão da verdade, os argentinos já julgaram e prenderam centenas de pessoas que cometeram crimes durante a última a ditadura militar de 1976 a 1983.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Querem trocar Madonna por Fito Paez e Charly Garcia

O título é só uma brincadeira pra falar de uma nota do El Cronista de hoje que chamou minha atenção. Mesmo tarde, não podia deixar de comentar. O jornal diz que os organizadores dos show de Madonna na Argentina - previstos para dezembro deste ano - estariam com dificuldade para enviar parte do cachê da artista, já que atualmente o país restringe a saída de dólares.

Segundo a nota, o secretário de Comércio Guillermo Moreno, responsável por liberar a saída dos dólares, foi procurado para resolver o imbróglio. Ele teria sugerido como contrapartida a realização de shows dos argentinos Fito Paez e Charly Garcia no exterior, para garantir que o dinheiro enviado voltaria ao país.

A proposta parece estranhíssima, mas tem tudo a ver com a medida de uno por uno, uma das bases de sustentação da política econômica argentina. Aqui, quem quer importar tem que exportar também. Ou seja, tem que ser um a um. Pra vender carrinho chicco ou boneca barbie na Argentina precisa exportar azeite ou vinho, por exemplo.  

Ao que tudo indica e de acordo com o jornal, que é crítico ao governo, o problema já foi resolvido e os fãs podem ficar tranquilos. Não precisa chorar por ela, Argentina.