Em Buenos Aires

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lula e a imprensa

Os candidatos deixaram de ser os protagonistas destas eleições. O foco do debate gira em torno do presidente Lula e da imprensa. Excessos são cometidos de ambos os lados e a troca de farpas parece infindável.

Certos aspectos deste fenômeno precisam ser considerados. É inegável que nosso presidente é um democrata e já demonstrou isto repetidas vezes. Pode até reclamar da mídia, mas em nenhum momento praticou qualquer ato para cercear a liberdade de imprensa, ao contrário do que acontece em alguns dos nossos vizinhos.

Pra existir liberdade de imprensa, a liberdade de expressão também é crucial. A mídia tem e exerce o direito de falar o que quer, mas Lula também tem o direito, assim como qualquer cidadão, de concordar ou não.

O que a gente não cansa de ouvir por aí são críticas de setores mais conservadores ao controle social dos meios de comunicação, cunhado de censura. Bom, como o próprio nome diz não se trata de controle governamental, mas da sociedade. Já que a informação é um direito de todos, nada mais justo que todos exerçam o controle e não apenas cinco ou seis famílias donas dos principais veículos brasileiros.

Na minha opinião, a perspectiva teórica mais adequada para analisar as relações entre mídia e política é a que considera uma interface entre esses dois campos. Mídia e Política não são excludentes, nem tampouco se sobrepõem, mas caminham juntas, se complementam e ao mesmo tempo se confrontam.

Que a mídia tem um papel central na vida pública é evidente. Essa centralidade não pode ser ignorada na atual arena política, porém também não deve ser superestimada, pois o jogo político continua e não passa a ser exclusivamente midiático.

Nestas eleições, o quadro teórico toma contornos práticos. É claro, que se não existisse corrupção no governo Lula, dificilmente a imprensa seria capaz de provocar um bombardeio de informações contra o presidente e sua candidata.

Por outro lado, mesmo os exageros e excessos do noticiário não têm sido capaz de mudar o quadro eleitoral. Influencia sim. Dilma caiu um ponto nas pesquisas e os outros candidatos conquistaram alguns votos, principalmente, dos indecisos. Mas não reverte o cenário. Os eleitores também levam em conta outros aspectos na hora da escolha.

A possível e provável vitória de Dilma deve deixar de cabelo em pé não só a imprensa e a oposição, mas um conjunto de teóricos e acadêmicos que ainda defendem uma visão, datada do início do século passado, de preponderância da agenda midiática em detrimento da agenda pública.

Em 2006, Lula ganhou sem e apesar da mídia. Agora, tudo indica que Dilma vai repetir o feito. Talvez já no primeiro turno, no próximo domingo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dica de mãe I

Algumas amigas já me disseram que vão recorrer a este blog quando tiveram filho, por isso decidi começar a deixar aqui algumas dicas.

Primeiro, gostaria de desfazer um mito. A gravidez não é a melhor fase da vida. Talvez seja praquelas pessoas que não trabalham, não estudam, não cuidam de casa, não andam de ônibus... Mas eu, pelo menos, não conheço ninguém assim.

Depois nasce e você se vê com aquela coisinha pequena que lhe entregam nos braços sem manual de instrução. E o pior, você corre o risco de estar operada e ficar recebendo um monte de visitas em casa.

Mas não é pior, é melhor. Porque não vem com manual de instrução, mas vem transbordando de amor. E o segredo é este: amor. Você vai errando, acertando e aprendendo.

Bom, a primeira dica que quero deixar aqui é sobre refluxo, porque este é um problema que me atormenta. Preciso registrar que é um pouco nojento e a gente fica fedida até conseguir tomar banho ou, pelo menos, trocar de blusa.

Todo mundo sabe que tem um monte de doença nova por aí – transtorno de déficit de atenção, síndrome do intestino irritado, intolerância à lactose, etc. Nossos antepassados viviam muito bem sem saber que existiam, mas nós temos que conviver com elas.

Pois é, antigamente criança golfava. Agora, tem refluxo. E o Tomás tem bastante, desde que só mamava no peito. Com a mamadeira piorou. O caso dele não chega a ser dos mais graves – algumas crianças não ganham peso e passam por uma série de complicações -, mas exige certos cuidados.

Um deles é deixar a criança em pé depois que mama. Antes deixava 15 minutos, diminuí pra dez e agora pra cinco, mas nunca menos que isso. Outro é levantar a cabeceira do berço com um travesseiro anti-refluxo ou colocando alguma coisa embaixo e dar sempre a mamadeira com a cabeça da criança um pouco mais alta.

A pediatra do Tomás achou melhor, e eu também, não dar medicação, esperar até os seis meses pra ver se melhora.

Resolvi testar o leite anti-refluxo e funcionou. O problema é que forma uma papinha e prende o intestino. Então agora, dou três mamadeiras com esse leite e três com o Nan confort. Vale dizer que cada criança se adapta melhor a um leite, fui testando até encontrar a melhor combinação.

Agora também comecei a dar fruta e colocar mucilon no leite, com orientação médica, um mês antes do previsto. É que nos últimos dias ele deu uma piorada e está cada diz mais difícil fazê-lo comer, tanto que ganhou bem menos peso no último mês do que vinha ganhando. Vamos esperar pra ver se dá resultado.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ele dorme com os anjos

Todas as tarde o Tomás dá um passeio, depois toma banho, mamadeira e dorme. Às vezes antes das seis da tarde e vai até as seis da manhã. Sei que é de matar qualquer mãe de inveja.

Pouco depois de um mês, quando deixou de passar fome, as noites foram ficando cada vez mais tranqüilas. Antes dos dois meses, deixou a mamadeira da madrugada. Agora, toma a última à meia-noite. E é o papai quem dá.

A qualidade do sono do Tomás sempre foi uma preocupação minha, afinal ele tem uma mãe que dorme pouco e um pai que quase não dorme.

Desde o começo tentei criar uma rotina para dormir, com massagem, banho, carinho e música. E ele foi se acostumando a dormir sozinho. É até engraçado porque quando fica com sono, se estiver no colo, começa a chorar e só dorme quando vai pro berço, vira a cabecinha de lado e coloca um pano no rosto.

Com raríssimas exceções, as noite aqui costumam ser bem tranqüilas. Dá até pra namorar.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cortando o cordão

Esses dias fiz um freela (prometo divulgar os vídeos quando ficarem prontos) e foi um teste de como vai ser a vida quando voltar a trabalhar.

Confesso que adorei colocar os neurônios pra funcionar. Por mais que ame o meu filho, esta vida de ficar a maior parte do tempo em casa cuidando de criança cansa, cansa.

Mas fui com o coração na mão. Ele ficou em casa com a Beatriz, que trabalha comigo, e chamei uma diarista pra dar um suporte. Ainda não decidi se este vai ser o modelo quando voltar a trabalhar ou se ele vai pra creche.

O bom é que correu tudo bem. Eu resisti e ele também. Na verdade, já tinha até ficado um pouco mais de tempo longe dele, dormimos uma noite separados, mas ele ficou com a minha mãe.

Dói, é difícil, mas é preciso cortar o cordão. Muita gente dizia que eu ia sentir saudade da barriga, não senti nenhuma. Prefiro meu filho do lado de fora, lindo e sorridente.

Nunca vou esquecer a primeira vez que saí sem ele. Acho que tinha menos de uma semana. Resolvi ir ao salão, fazer unha e cabelo, porque até mulher parida tem direito de se arrumar.

Fiquei aliviada de pela primeira vez, depois de tanto tempo, andar sem a barriga, andar sozinha. Deu uma sensação de que aos poucos a vida voltaria ao normal. Melhor assim, cada um com a sua vida, infinitamente ligadas, mas independentes.