Em Buenos Aires

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Buenos Aires amplia circuito cultural


Por Marina Mota | Para o Valor, de Buenos Aires
Divulgação / Divulgação
Aberto em 2012 em Puerto Madero, o Museu do Humor é resultado da reivindicação de mais de uma década de artistas gráficos e cartunistas locais
No tradicional bairro de San Telmo, um dos mais antigos de Buenos Aires, na Argentina, e conhecido pelas vendas de antiguidades e casas de tango, um moderno prédio espelhado contrasta com a arquitetura. Lá funciona, desde setembro, o Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires (Macba).
O novo espaço cultural é mais um investimento privado nas artes, seguindo o exemplo do mais antigo e conhecido Museu de Arte Latino Americana (Malba), do empresário do mercado financeiro e imobiliário Eduardo Constantini, e de iniciativas recentes como a Coleção de Arte Amalia Lacroze de Fortabat e o Faena Arts Center.
O Macba possui coleção com ênfase na arte abstrata geométrica. O acervo foi iniciado nos anos 1980 pelo consultor do mercado financeiro Aldo Rubino, reunindo obras de artistas como o venezuelano Carlos Cruz-Diez, os argentinos Enio Iommi, Gyula Kosice e Raúl Lozza (1911-2008) e os brasileiros Lothar Charoux (1912-1987), Almir da Silva Mavignier e João José Costa da Silva.
A curadora do museu e mulher de Rubino, Constanza Cerullo, não revela o valor gasto na obra de construção do prédio nem na aquisição das obras, mas afirma que existe uma demanda para justificar esse tipo de investimento. "Buenos Aires sempre foi um polo artístico importante. O público é bastante receptivo a atividades do setor cultural", diz.
Em apenas quatro meses, o Macba recebeu 15 mil visitantes. No ano passado, mais de 5 milhões de pessoas visitaram os museus de todo o país, segundo levantamento divulgado pela agência de notícias do governo argentino, a Télam. O recordista é o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), de entrada gratuita, com 1,4 milhão de visitantes.
O Macba destaca a arte abstrata geométrica
O Malba recebeu mais de 340 mil pessoas e, de acordo com o Observatório de Turismo da Cidade de Buenos Aires, é o segundo mais visitado por estrangeiros, atrás apenas do Museu Evita. Inaugurado em 2001, atrai especialmente a curiosidade dos brasileiros por guardar um tesouro: o "Abaporu", de Tarsila do Amaral (1886-1973), comprado por US$ 1,5 milhão em 1995.
Embora ainda menos conhecidos, a Coleção Fortabat e o Faena Arts Center têm pelo menos um ponto forte para se consolidarem no roteiro dos estrangeiros: a localização em Puerto Madero.
O bairro é uma antiga região portuária que se converteu na maior aposta imobiliária da cidade e tem grande apelo turístico. O primeiro abriu as portas em 2008 para exibir a coleção particular da empresária Amalia de Fortabat, que morreu no ano passado. Já o Faena, inaugurado em 2011 num moinho centenário, é um espaço para grandes instalações, como o crochê suspenso do brasileiro Ernesto Neto, exposto no ano passado.
O setor público também investe em novos espaços culturais. Do governo federal, um dos destaques é o Museu do Livro e da Língua, na Recoleta, que, embora menor, tem aspectos em comum com o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, como interatividade e acervo virtual.
"Visitamos o museu brasileiro e vimos que nosso orçamento era muito menor. Mas nos alegra quando os brasileiros chegam aqui e dizem que há semelhança entre os dois", diz Cecília Calandria, assessora cultural da Biblioteca Nacional, à qual o museu é vinculado. O custo do espaço, que mostra a história da língua escrita e falada na Argentina, foi de 12 milhões de pesos em 2011, cerca de R$ 5 milhões.
Em maiores proporções são as cifras da Prefeitura de Buenos Aires, que tem à frente Maurício Macri, um dos principais opositores da presidente Cristina Kirchner. Um exemplo foi o investimento de mais de 110 milhões de pesos, ou cerca de R$ 50 milhões, para transformar uma usina elétrica do início do século passado, na Boca, em uma casa de espetáculos para até 1.200 pessoas na sala de concertos e 400 na destinada a orquestras de câmara.
A Usina das Artes abriu as portas em maio. Para o vice-diretor do espaço, Gustavo Mozzi, a qualidade acústica é um destaque. "Temos a melhor acústica depois do Teatro Colón", diz.
Ao lado da Usina, foi reinaugurado, numa nova sede em 2011, o Museu do Cinema Pablo Ducrós Hicken, depois de ficar fechado por sete anos. "Já veio gente do México, do Uruguai para conhecer e levar o modelo a outros países", diz a diretora Paula Didier sobre o espaço, destinado exclusivamente à memória do cinema numa configuração de museu.
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A Usina das Artes recebe orquestras e concertos
O acervo tem raridades como uma das nove câmeras dos irmãos Lumiére existentes no mundo e uma cópia com trechos inéditos de "Metrópolis" (1927), de Fritz Lang, além de figurinos, croquis, roteiros originais e mais de 60 mil latas de filmes, principalmente do cinema argentino.
Outra novidade do circuito cultural portenho é o Museu do Humor, instalado no prédio da cervejaria Munich, dos anos 1920, em Puerto Madero. O lugar abriu as portas no ano passado para contar a história da arte gráfica argentina desde o século XIX.
O país tem tradição na área, com nomes de sucesso mundial, como o cartunista Quino e a sua mais famosa criação, Mafalda. Segundo o diretor do espaço, Hugo Maradei, a inauguração do museu é resultado de uma reivindicação de mais de uma década de artistas gráficos e cartunistas locais.
O circuito turístico do humor se completa com o recém-lançado Paseo de la Historieta. A ideia é instalar até o final deste ano estátuas de 15 personagens, a partir da Mafalda, que ocupa uma esquina de San Telmo desde 2009, seguindo pelas ruas do bairro de Montserrat até chegar ao museu. "Para transformar os desenhos 2D em monumentos 3D contamos com a ajuda dos próprios cartunistas", afirma Maradei.
A maioria dos investimentos se concentra na zona sul da cidade, área mais pobre (com exceção de Puerto Madero) do que a zona norte, onde estão bairros como Palermo e Recoleta. Uma lei municipal, aprovada em dezembro, transforma parte da região em Distrito das Artes e prevê incentivos, como isenção de impostos sobre faturamento por dez anos, descontos de impostos que vão de 25% a 35% do valor dos investimentos, além de possibilidade de linha de crédito do banco municipal.
"É uma região que convoca artistas naturalmente e, transformada em corredor cultural, vai se desenvolver da melhor forma possível", diz Mozzi.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Uma exposição de animais pré-históricos


O Tomás adora animais e tudo que tem a ver com eles. Música com animais, histórias, brinquedos e passeios, claro. Mas tem uma predileção especial pelos dinossauros.

No ano passado, visitamos um parque temático de dinossauros e ele não esqueceu até hoje. Vive falando que foi para um "zoológico" de dinossauros, que eles são grandes, tem patas pequenas e boca larga (assim mesmo, misturando português e espanhol). Ah, e fazem Ahrrrrr!!

Quando eu e o César vimos o anúncio de mais uma exposição com dinossauros, não tivemos a menor dúvida de que seria o nosso programa do fim de semana. E o Tomás mais uma vez adorou.

A exposição, na sede da Rural em Palermo, vai até 24 de fevereiro e é uma viagem no tempo desde a era do gelo até os dinossauros. Ou seja, os "bichinhos" que meu filho tanto gosta são só uma parte desta história. Há diversos outros animais: mamutes, pinguins gigantes, elefantes pré-históricos e até alguns antepassados nossos.

Parte menor ainda desta história somos nós, seres humanos. Um filme em 3D exibido no local divide o tempo no planeta terra em pequenos quadradinhos em folhas de papel exatamente para ilustrar a nossa pequenez diante da grandeza do tempo e do universo. A humanidade é apenas uma folha dentre centenas.

Vale dizer que os dinossauros desta vez não são tão reais como os que vimos em Tecnópolis. Mas para quem é criança e tem imaginação de sobra, como o Tomás, acho que nem faz diferença. Bom mesmo é viajar no tempo.
 



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Nosso adeus ao metrô mais antigo do mundo


O metrô mais antigo do mundo ainda em circulação era o da linha A de Buenos Aires, que deixa de funcionar hoje (11/01). A gente foi lá se despedir. E o que mais tinha era gente com câmera na mão. Jornalistas, turistas, curiosos ou mesmo quem usava os vagões de madeira só como meio de transporte queriam um último registo. Também fiz os meus.

A semana por aqui foi marcada pela polêmica da retirada dos trens antigos. Para a substituição por outros mais modernos, a linha vai ficar quase dois meses sem operar, deixando muita gente sem transporte ou sem ganha pão, no caso dos comerciantes das estações da linha, que liga a praça de Maio a Carabobo. Fora, claro, a perda de um patrimônio histórico.

Os vagões ainda em funcionamento eram os mesmo fabricados pela empresa La Brugeoise e importados da Bélgica há quase um século. Em 1913, Buenos Aires foi a décima terceira cidade do mundo e a primeira da América Latina a ter serviço de metrô. No Brasil, o transporte subterrâneo só chegou nos anos 1970. 

Depois de um bombardeio de críticas, a prefeitura já prometeu ressarcir os comerciantes e preservar os vagões antigos, transformando-os em bibliotecas a serem instaladas em praças públicas. Tomara. Mas mesmo assim, Buenos Aires vai perder um pouco de charme.