Em Buenos Aires

domingo, 11 de julho de 2010

Minha amiga Octavia

Recebi a notícia da demissão de Octavia Nasr da CNN com espanto. Depois veio a tristeza. Uma tristeza de cunho profissional, mas principalmente pessoal.

A decisão da emissora motivada por um twitt coloca em cheque a liberdade de expressào e o uso de mídias alternativas pelos jornalistas. E logo a CNN? A experiência mais ousada de jornalismo internacional e a menos conservadora das emissoras americanas.

Dá saudade da época do Ted Turner. O fundador da rede costumava afirmar que na CNN não existia "nós e eles". Mas isto era antes do 11 de setembro e da proclamação do eixo do mal. Cada vez mais fica claro que existe um nós ligado a Israel e um eles que é o mundo árabe.

E a Octavia nasceu no Líbano, mas é cristã e cidadã americana. Uma pessoa que construiu uma vida e uma carreira nos Estados Unidos e ama aquele país. Mesmo assim sofreu as consequências de ser uma  mulher do Oriente Médio. Afinal, depois ela mesma explicou que lamentava a morte de Fadlallah pois ele avançou muito em relação aos direitos femininos. Coisa que provavelmente só uma mulher do mundo árabe é realmente capaz de entender.

Lembro quando Octavia contou da sua alegria em ter um passaporte americano, pois o libanês vivia trazendo problemas. Pelo visto, agora um passaporte americano não é mais suficiente.

A frustração pessoal vem de uma longa história, de um sonho de infância de trabalhar na CNN. Nunca vou esquecer o dia que ela ligou pra minha casa depois de ter selecionado meu curriculo e nem do abraço com que me recebeu na primeira vez que entrei na CNN.

A Octavia foi mais que uma chefe, quase uma mãe. Logo me acolheu na casa e na vida dela. E foram inúmeros os cafés, almoços, vinhos e longas conversas. Sem contar tudo que me ensinou.

Há algumas semanas, recebi um macacão da CNN pelo correio; presente dela para o Tomás. Por isso, lamento pelo jornalismo mundial, pelo que a democracia americana está se tornandlo, mas principalmente pela dor de uma grande amiga. 

Estou em Fortaleza com o Tomás, por isso tenho deixado o blog um pouco de lado, mas o assunto merecia um post, não podia deixar de escrever.