Em Buenos Aires

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Celebrando a vida


Todo mundo fala que festa de aniversário de um ano é pros pais e não pra criança. E é mesmo! A gente quer celebrar a vida que mal começou, o ano vivido e o que está por vir. No meu caso, não faltavam motivos para comemorar. Meu filho foi o melhor e mais inesperado presente que ganhei.

Decidimos festejar em São Paulo, onde moram os avós paternos. Os meus pais também foram e mais alguns amigos muito queridos dos quatro cantos do Brasil.

Fizemos questão de uma festa pequena, sem exageros ou gastos absurdos, mas com balões, brinquedos, doces e uma decoração de coelhinhos. Tudo como ele merece. O Tomás curtiu e eu mais que ele.

A minha ideia pro convite era uma foto dele com orelhinhas de coelho, mas o papai exigiu a de viajante. Achei coerente com a vida andarilha desta família, que já se prepara para mais uma mudança. Pelo visto, a vida do Tomás ainda será de muitas andanças nos próximos anos.

O primeiro ano de vida do meu filho trouxe mais que alegrias, também reflexões e lembranças. Lembro do dia que ele nasceu como se fosse ontem. Do começo das contrações no restaurante (esperei todo mundo terminar de almoçar pra contar), de arrumar o cabelo antes de ir pro hospital, do carinho da família e da equipe na sala de parto, das horas tentando ter parto normal (o que não consegui, uma frustração que talvez valha um outro post).

O mais inesquecível mesmo foi o momento em que vi o Tomás pela primeira vez. Aquele sentimento nunca vou esquecer. Acho que é até por isso que algumas pessoas criam coragem de ter mais filhos, só pra ter aquela sensação do primeiro encontro de novo.

E depois que nasce, como a vida muda. Não só pelas noites acordadas, trocas de fraldas e mamadas. É a nossa forma de ver a vida que se transforma. O dia rende (parece ter 50 horas), a serenidade aparece nos momentos que menos se espera e a gente aprende, ou pelo menos, tenta dar a cada coisa o valor que elas realmente tem.

O meu dia-a-dia se tornou muito mais complexo. Não são raras as vezes em que sinto falta daquela minha vida livre, de tomar uma cerveja depois do trabalho, voltar pra casa na hora que dá vontade. Mas a recompensa da privação é o sorriso. E o amor incondicional.

A principal lição é viver cada dia intensamente, porque passa muito rápido. Parece que foi ontem e o Tomás já tem um ano.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pernas pra que te quero

Sempre achei que um dia estaria brincando com o Tomás e, de repente, ele ia sentar, engatinhar ou andar e eu correria para escrever no carderninho (leia-se blog, facebook e twitter). Mas não é bem assim que acontece ou, pelo menos, com ele não foi assim que aconteceu.

O aprendizado é gradual. São várias tentativas para um sentada que dura um segundo, depois dois, depois três. Então, é difícil demarcar o ponto entre o antes e o depois de sentar.

Quando começou a engatinhar, foi a mesma coisa. Ensaiva uma engatinhada daqui outra de lá. Algumas vezes de quatro e em outras se arrastando como uma cobra. O marco foi o dia que conseguiu contornar a sala inteira e não parou mais.

E agora, ele anda e eu nem dizer quando mesmo ele começou a andar. Acho que só me dei conta quando cheguei na cheche e a tia disse: ele não para mais de andar.

Pois é, antes era só segurando no sofá. Foi soltando aos poucos e dando uns passinhos e outros mais. No dia do meu aniversário, até notei que a caminhada foi um pouco maior. E agora, quando quer claro, ele anda mesmo. Ainda meio desengonçado, tropeçando, mas com a firmeza de quem tem um longo caminho pela frente.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A violência da burca

A proibição da burca na França é um ato tão intolerante, pra não dizer violento, contra as mulheres quanto a obrigação do uso imposta por alguns países ou famílias. Mas diz-se muito pouco a respeito. É mais fácil aceitarmos a opressão para impor a nossa cultura ou o que consideramos civilização do que aceitar os costumes do outro.

A tradição do burca e do véu no Islã surgiu para proteger as mulheres, assim como a poligamia. Os árabes do tempo de Maomé viviam em tribos nômades e eram muito comum homens de comunidades rivais sequestrarem esposas.

Hoje, o costume se mantém por dois motivos: interpretação ao pé da letra do alcorão, sem o necessário entendimento que os tempos são outros e convicção religiosa.

As mulheres vítimas da opressão da burca, provavelmente, não serão mais livres na França. Talvez, seja proibidas de sair de casa. E aquelas que usam por opção serão privadas de um direito.

Um artigo do professor Timothy garton, publicado no Estadão domigo (10/4), cita um estudo realizado pelo projeto At Home in Europe da Open Society Foundations. Foram entrevistadas 32 mulheres que usam o véu para cobrir o rosto todo na França. "Todas, menos duas, são os primeiros membros de suas famílias a fazer isso, e quase todas insistem que o fazem por uma questão de livre escolha. Várias optaram por usá-lo contra a resistência inicial de maridos, pais e mães. (As famílias frequentemente temiam que elas provocassem hostilidade nas ruas, e com certa razão.)"

Tive uma professora de árabe, egípcia, que nunca usou burca, mas usa ou, pelo menos, usava véu. Segundo ela, para se sentir mais perto de Alá. E fazia questão de dizer que a mãe a avó dela nunca fizeram o mesmo.

Minha avó, muito católica, também já usou véu por motivo religioso. E conheço muitos jovens da renovação carismática que ostentam cruzes no pescoço.

Eu sou a favor da liberdade. E liberdade é até mesmo ter o direito de aderir a um costume considerado por nós pouco libertário.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A hora das viroses

Tenho escrito pouco e a culpa é dos bichinho que resolveram habitar o corpo do meu filho. Pra mim, esta é a parte mais difícil da maternidade.

Não reclamei das noites acordadas, do choro, nem de ter pouco leite. Mas criança doente é de partir o coração de qualquer mãe. 

Ouvi de um médico de pronto-socorro que as crianças pegam de seis a oito doenças respiratórias por ano. Na creche, em contato com outras crianças, o número dobra. Ou seja, mais de uma por mês. E tem sido assim mesmo. O Tomás passa mais tempo doente que saudável.

Também fui informada de que existem mais de 130 causas para febre. Eu realmente precisava desta informação??

O pior é que dizem só melhorar quando a criança troca os dentes. Coisas da natureza. Mas o Tomás ainda não tem nenhum dente, então vislumbro um longo caminho pela frente.