Em Buenos Aires

terça-feira, 12 de abril de 2011

A violência da burca

A proibição da burca na França é um ato tão intolerante, pra não dizer violento, contra as mulheres quanto a obrigação do uso imposta por alguns países ou famílias. Mas diz-se muito pouco a respeito. É mais fácil aceitarmos a opressão para impor a nossa cultura ou o que consideramos civilização do que aceitar os costumes do outro.

A tradição do burca e do véu no Islã surgiu para proteger as mulheres, assim como a poligamia. Os árabes do tempo de Maomé viviam em tribos nômades e eram muito comum homens de comunidades rivais sequestrarem esposas.

Hoje, o costume se mantém por dois motivos: interpretação ao pé da letra do alcorão, sem o necessário entendimento que os tempos são outros e convicção religiosa.

As mulheres vítimas da opressão da burca, provavelmente, não serão mais livres na França. Talvez, seja proibidas de sair de casa. E aquelas que usam por opção serão privadas de um direito.

Um artigo do professor Timothy garton, publicado no Estadão domigo (10/4), cita um estudo realizado pelo projeto At Home in Europe da Open Society Foundations. Foram entrevistadas 32 mulheres que usam o véu para cobrir o rosto todo na França. "Todas, menos duas, são os primeiros membros de suas famílias a fazer isso, e quase todas insistem que o fazem por uma questão de livre escolha. Várias optaram por usá-lo contra a resistência inicial de maridos, pais e mães. (As famílias frequentemente temiam que elas provocassem hostilidade nas ruas, e com certa razão.)"

Tive uma professora de árabe, egípcia, que nunca usou burca, mas usa ou, pelo menos, usava véu. Segundo ela, para se sentir mais perto de Alá. E fazia questão de dizer que a mãe a avó dela nunca fizeram o mesmo.

Minha avó, muito católica, também já usou véu por motivo religioso. E conheço muitos jovens da renovação carismática que ostentam cruzes no pescoço.

Eu sou a favor da liberdade. E liberdade é até mesmo ter o direito de aderir a um costume considerado por nós pouco libertário.

Um comentário:

  1. concordo com tudo, marina. também achei um absurdo essa proibição!
    beijos

    tahiana

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