Em Buenos Aires

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os ingleses e a democracia

O que chama a atenção sobre as eleições inglesas, além da guinada conservadora, é o complexo sistema eleitoral. Assim como já vimos nos Estados Unidos (embora um seja presidencialista e o outro parlamentarista), na Inglaterra também é possível o candidato ganhar e não levar.

O conservador David Cameron, conseguiu o maior número de cadeiras no Parlamento, mas não chegou a ganhar. Levou graças a coalizão com o candidato do partido Liberal Democrata, Nick Clegg, terceiro colocado na disputa.

Se Clegg tivesse se unido aos Trabalhistas, estes continuariam no controle. A decisão de quem assumiria o poder saiu menos das urnas que do acordo político protagonizado por quem obteve menor votação.

Na definição mais simplista do termo, democracia é o poder do povo. Poder para governar de forma direta ou por meio de seus representantes.

Hoje, tem-se falado muito em crise do sistema representativo. Embora representação política não seja restrita ao ato de votar, o argumento é aceitável quando notamos que até nas democracias mais consolidadas do mundo, a escolha dos cidadãos não é assim tão onipotente.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Mulheres do Iraque

Comovente a matéria publicada no site da CNN sobre as punições contra as mulheres vítimas de tráfico humano no Iraque.

Uma delas é uma menina de 15 anos vendida pelo pai pra ser escrava sexual na Arábia Saudita. Ela conseguiu fugir, mas em vez de ser acolhida no país de origem foi presa por regressar com um passaporte falso.

Outro caso semelhante é o de uma jovem de 22 anos, que tentou processar o pai quando descobriu que seria vendida. O desfecho trágico: ela estuprada e ele morto. De vítima a culpada, hoje cumpre pena de 15 anos.

Mais que a cruel punição do Estado, essas meninas temem ainda as reações tribais e familiares, muitas vezes piores. Numa sociedade onde as mulheres são vítimas de todo tipo de exclusão, a mão mais feroz é exatamente aquela que deveria proteger.

Eu não defendo o determinismo cultural, mas também não me rendo a explicações simplistas de que a culpa é do Islã ou de que aquele povo do outro lado do mundo é mesmo primitivo.

A perversidade humana é maior do que podemos imaginar e independe de raça, credo ou país de origem. As leis islâmicas sobre as mulheres foram criadas para proteger e não para punir. É o caso do véu ou da poligamia masculina. Interpretações ahistóricas e descontextualizadas podem e tem levado sim a exclusão e submissão feminina em diversas sociedades.

Mas é bom lembrarmos que exclusão e submissão feminina não são exclusivas dos nossos irmãos do Oriente Médio. Lá ou aqui, as mulheres sofrem todo tipo de violência; com ou sem conivência do Estado, com ou sem a desculpa religiosa ou cultural. São relações históricas de dominação e subordinação que colocam as mulheres à margem. Isto também na nossa sociedade. Não foi, portanto, Maomé quem inventou.     
 

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os primeiros dias..


O Tomás tem agora 12 dias de vida e dez que está em casa. Estamos adaptando a rotina e nos conhecendo melhor. As noites são animadas, com muitas mamadas e trocas de fraldas. Mas pela manhã ele dorme.

A amamamentação não deixa de ser um desafio. Durante a gravidez li quase tudo sobre gestação e recém-nascidos, mas confesso que tive preguiça dos tratados e manuais sobre amamentação. Acho que é exatamente a pressão que as mães sofrem para amamentar que acaba muitas vezes tornando doloroso o que deveria ser somente prazeroso.

Ouvi algumas orientções na maternidade, mas cada profissional disse uma coisa diferente. Então decidi que este era um problema meu e do Tomás. Aprendemos e resolvemos juntos.

Dei mamadeira sem culpa no segundo e no terceiro dia pra não deixá-lo com fome. Depois que o leite "desceu" não foi mais necessário e não atrapalhou em nada. Ele adora mamar no peito e eu adoro vê-lo com a boca cheia de leite.

O segredo foi só paciência, paciência e dedicação. Doeu, machucou, mas sem dramas e traumas. Se foi difícil pra mim, imagina pra ele. Só não posso dizer que gosto de acordar às 2h, 3h, 4h e 5h para as mamadas.

Já saí duas vezes sozinha e daqui a pouco sairei de novo. Confesso que me senti livre e feliz de andar sem barriga e sem o Tomás depois de tanto tempo. Sem nenhuma culpa, afinal ele ficou em ótimas mãos. Agora cada um é um, com seu corpo e sua individualidade, como tem que ser.