Em Buenos Aires

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mamãe, quero viajar!

A primeira coisa que o Tomás me falou quando acordou hoje foi: mamãe, quero viajar! E não queria ir à escola, porque queria pegar logo o avião e ir para o tal lugar frio pra ver pinguins e leões marinhos e depois para as casas dos avós. Ele já sabe que vamos viajar amanhã, me viu arrumando as malas e me ajudou, claro, colocando suas coisas numa mochila que ele sempre associa à viagem.

Acho que ele herdou o gosto por viagens dos pais. Além disso, se acostumou desde muito pequeno a viajar. Por isso, sempre tira de letra, não sente muito a quebra da rotina e curte os passeios. Ou seja, é um ótimo companheiro.

Mas, desta vez, resolvemos ousar. O tal lugar frio é Ushuaia, cidade mais próxima do polo sul, com temperaturas extremamente frias até nesta época do ano e ventos que podem chegar a 80km/h. Mas é lindo e eu sou louca pra conhecer há muito tempo.

O Tomás já está acostumado com o frio, no último inverno enfrentou 2 graus negativos aqui em Buenos Aires. E adora usar suas roupas de frio, especialmente, a bufanda (cachecol em espanhol). Ainda assim, vamos ver como se sai nesta nossa aventura ao extremo sul do continente.

Já escrevi um pouco por aqui sobre as viagens do Tomás

Viajando com bebê

Viajando com bebê II

O melhor é que agora ele já não é tão bebê, está deixando a fralda, come de quase tudo (só não o que não quer e não gosta). Aposto que desta vez vai ser ainda mais fácil. Depois prometo contar pra vocês as aventuras do meu pequeno viajante no Ushuaia.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

8N ou o cacerolazo mais alardeado do ano

A expectativa é de uma noite difícil para o governo argentino. Logo mais, manifestantes prometem tomar as ruas de Buenos Aires e de outras cidades do país com panelas em punho para mais um cacerolazo ou panelaço - forma de manifestação que ficou famosa no auge da crise de 2011.

O movimento de hoje vem sendo chamado de 8N em alusão à data 8 de novembro e a uma campanha do governo que chamou de 7D o dia 7 de dezembro, quando o Grupo Clarín deve ter que se adequar á lei de medios, que restringe a propriedade dos meios de comunicação no país.

O calor atípico para esta época do ano resultou numa sobrecarga do sistema elétrico e deixou parte da cidade sem luz nos últimos dois dias. Também houve problemas de fornecimento de água e uma greve que está deixando a cidade coberta de lixo. Tudo isto pode ser um motivo a mais para os manifestantes, que inclusive já protestaram nos bairros contra os cortes de luz.

As queixas são as mesmas dos cacerolazos que estão tomando forma há alguns meses e conseguiu reunir milhares de pessoas no dia 13 de setembro - maior protesto contra o governo desde 2008: insegurança, corrupção, inflação, o projeto de re-reeleição e, principalmente, as restrições à compra de dólares.

A mobilização é toda feita pelas redes sociais, o que já é cada vez mais comum não só por aqui. Maior exemplo disso foi a primavera árabe.

Pelo twitter e facebook, há mensagens a favor e contra o movimento. Os aliados do governo criaram um grupo chamado "8N yo no voy", ainda menos popular nas redes que o dos oposicionistas.

As trocas de farpas e acusações não se restringem ao formato 2.0. Tomam conta dos jornais, das ruas, dos discursos políticos. A cidade amanheceu com cartazes dos dois lados.

Os aliados do governo costumam desqualificar os protestos porque os manifestantes são principalmente gente de classe média, "burguesa". E daí? São cidadãos com pleno direito de protestar.

O meu primeiro panelaço foi em maio, assisti praticamente da janela de casa. O de hoje, se vocês querem saber se yo voy o no voy, digo: Yo voy. Mas vou trabalhar. Por enquanto, nada de bater panela.