Em Buenos Aires

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Culpada ou inocente?

Eu tenho vários defeitos. Sou ansiosa, estressada, agitada, estourada e por aí vai. Mas se tem uma coisa que nunca fui é neurótica. Não costumo me culpar pelo que não posso resolver, nem ficar remoendo erros passados.

Bom, mas quando você se torna mãe parece que colam uma placa de culpada na sua testa. Lendo e conversando com outras mães, vejo que o tema culpa sempre vem à tona.

É claro que me senti culpada por ele ter ficado com fome no primeiro mês, por tê-lo deixado sentir frio ou acordar molhado. Ah! E por deixá-lo cair do sofá. Mas não fiquei me martirizando.

Na verdade, sempre penso que um pouco de adversidade é bom. Tem mãe que nem deixa a criança chorar. Eu deixo só um pouquinho, mas deixo.

A vida não é perfeita pra ninguém. A gente também sente fome, frio, calor e vontade de fazer xixi. E ele nem vai saber, porque nasceu homem, o que é sentir vontade de fazer xixi segurando uma transmissão ao vivo e com alguém (no caso ele) sentado na minha bexiga.

O engraçado é que de tanto ouvir sobre esta culpa de mãe, comecei a me sentir culpada por não me sentir culpada.

Será que devia ser mais zelosa, cuidadosa, menos desencanada? Será que eu preciso me sentir culpada porque ele chorou ou ficou incomodado com alguma coisa? Ou me sentir culpada por não ter me sentido culpada porque ele chorou ou ficou incomodado com alguma coisa?

Pelo visto, mãe tem mesmo uma placa de culpada na testa. E só nossos filhos vão ser capazes de nos perdoar e inocentar um dia. Como fizemos como os nossos pais.