Em Buenos Aires

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tomás no fim do mundo!


Eu prometi e vou contar as aventuras do Tomás no Ushuaia, embora com algum atraso. Ele adorou a viagem, curtiu todos os momentos e não para de falar na neve e nos leões-marinhos.

A chegada foi com emoção. O vento é tão forte que o avião balança muito até pousar e parar. Assim que saímos do aeroporto, mais vento. Quase não podíamos parar em pé. Eu segurava o Tomás achando que o vento ia levá-lo e ele dizia: "frio, vento." Mas depois fomos informados que o aeroporto fica numa península onde os ventos são mais fortes. Na cidade, o clima é bem mais ameno. Chegamos a pegar 10 graus.

Começamos pelo melhor passeio. O barco que leva à ilhas dos lobos e pássaros. Os leões-marinhos (que em espanhol são lobos-marinhos) estavam lá e os cormurões (primos dos pinguins) também. Mas os pinguins, segundo o Tomás, foram visitar os avós. Eles migram nesta época do ano.

A paisagem é linda! Um dos cenários mais bonitos que vi na vida. E o Tomás aguentou firme, até nos momentos em que o barco balançou muito. Ficou menos enjoado do que eu. Curioso, queria ver tudo.

No dia seguinte, fizemos um passeio pelos lagos. O Tomás era a única criança do grupo e deixou todos admirados com a sua disposição de pequeno turista. Fomos até o alto dos andes e lá ele pode ver e tocar a neve. Indescritível!!

Também conhecemos o parque nacional e o ponto mais austral da terra onde se pode chegar por estrada, ou seja, o fim do mundo. Mas o que o Tomás mais gostou foi ver casinhas de madeira, iguais a do porquinho. Ele brincou de fazer uma casinha com galhos com o papai.

Ainda tivemos tempo pra conhecer os museus, brincar no parquinho, andar no carrossel do fim do mundo e comemorar a três o nosso aniversário de casamento.

Voltamos com vontade de ficar mais. Já na hora de ir embora, saímos do aeroporto para nos despedir. E o Tomás disse assim: "tchau neve, tchau leão-marinho, tchau frio. Um dia a gente volta." Tomara que sim.






sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mamãe, quero viajar!

A primeira coisa que o Tomás me falou quando acordou hoje foi: mamãe, quero viajar! E não queria ir à escola, porque queria pegar logo o avião e ir para o tal lugar frio pra ver pinguins e leões marinhos e depois para as casas dos avós. Ele já sabe que vamos viajar amanhã, me viu arrumando as malas e me ajudou, claro, colocando suas coisas numa mochila que ele sempre associa à viagem.

Acho que ele herdou o gosto por viagens dos pais. Além disso, se acostumou desde muito pequeno a viajar. Por isso, sempre tira de letra, não sente muito a quebra da rotina e curte os passeios. Ou seja, é um ótimo companheiro.

Mas, desta vez, resolvemos ousar. O tal lugar frio é Ushuaia, cidade mais próxima do polo sul, com temperaturas extremamente frias até nesta época do ano e ventos que podem chegar a 80km/h. Mas é lindo e eu sou louca pra conhecer há muito tempo.

O Tomás já está acostumado com o frio, no último inverno enfrentou 2 graus negativos aqui em Buenos Aires. E adora usar suas roupas de frio, especialmente, a bufanda (cachecol em espanhol). Ainda assim, vamos ver como se sai nesta nossa aventura ao extremo sul do continente.

Já escrevi um pouco por aqui sobre as viagens do Tomás

Viajando com bebê

Viajando com bebê II

O melhor é que agora ele já não é tão bebê, está deixando a fralda, come de quase tudo (só não o que não quer e não gosta). Aposto que desta vez vai ser ainda mais fácil. Depois prometo contar pra vocês as aventuras do meu pequeno viajante no Ushuaia.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

8N ou o cacerolazo mais alardeado do ano

A expectativa é de uma noite difícil para o governo argentino. Logo mais, manifestantes prometem tomar as ruas de Buenos Aires e de outras cidades do país com panelas em punho para mais um cacerolazo ou panelaço - forma de manifestação que ficou famosa no auge da crise de 2011.

O movimento de hoje vem sendo chamado de 8N em alusão à data 8 de novembro e a uma campanha do governo que chamou de 7D o dia 7 de dezembro, quando o Grupo Clarín deve ter que se adequar á lei de medios, que restringe a propriedade dos meios de comunicação no país.

O calor atípico para esta época do ano resultou numa sobrecarga do sistema elétrico e deixou parte da cidade sem luz nos últimos dois dias. Também houve problemas de fornecimento de água e uma greve que está deixando a cidade coberta de lixo. Tudo isto pode ser um motivo a mais para os manifestantes, que inclusive já protestaram nos bairros contra os cortes de luz.

As queixas são as mesmas dos cacerolazos que estão tomando forma há alguns meses e conseguiu reunir milhares de pessoas no dia 13 de setembro - maior protesto contra o governo desde 2008: insegurança, corrupção, inflação, o projeto de re-reeleição e, principalmente, as restrições à compra de dólares.

A mobilização é toda feita pelas redes sociais, o que já é cada vez mais comum não só por aqui. Maior exemplo disso foi a primavera árabe.

Pelo twitter e facebook, há mensagens a favor e contra o movimento. Os aliados do governo criaram um grupo chamado "8N yo no voy", ainda menos popular nas redes que o dos oposicionistas.

As trocas de farpas e acusações não se restringem ao formato 2.0. Tomam conta dos jornais, das ruas, dos discursos políticos. A cidade amanheceu com cartazes dos dois lados.

Os aliados do governo costumam desqualificar os protestos porque os manifestantes são principalmente gente de classe média, "burguesa". E daí? São cidadãos com pleno direito de protestar.

O meu primeiro panelaço foi em maio, assisti praticamente da janela de casa. O de hoje, se vocês querem saber se yo voy o no voy, digo: Yo voy. Mas vou trabalhar. Por enquanto, nada de bater panela.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Para os amantes da fotografia

Quem adora fotografia como eu não podia estar em lugar melhor nos próximos dias que em Buenos Aires. Não apenas porque a cidade é inspiradora e dá mesmo vontade de sair clicando por toda parte, mas também porque amanhã (26) começa o oitavo Buenos Aires Photo, maior festival de fotografia da América Latina, no Centro Cultural Recoleta.

A mostra vai expor fotos de mais de 30 galerias da Argentina, Peru, Uruguai, Espanha, Bolívia e Estados Unidos. Os organizadores prometem os mais variados estilos e tendência da fotografia contemporânea.

O destaque deste ano é o fotógrafo catalão Joan Fontcuberta que vai ter uma sala exclusiva para a exibição de seus trabalhos mais famosos e ainda fazer uma palestra para o público.

Fotografias inspiradas em temas atuais como sustentabilidade e cultura pop vão dividir espaço com obras do passado de nomes como Annemarie Heinrich, Grete Stern e Horacio Coppola. Pena que dura pouco, só até  segunda-feira (29).

A obra de Coppola pode ser conferida também até 10 de novembro na galeria Jorge Mara, pertinho da livraria Ateneo. São 84 fotos de um dos mais famosos fotógrafos argentinos, que morreu em junho com 105 anos.

E já que falei lá em cima que Buenos Aires é mesmo inspiradora, vale dizer que a mostra é centrada especialmente em registros de espaços urbanos também do Rio de Janeiro e de cidades européias (todas inspiradoras, diga-se). O uso das sombras e da profundidade das fotos chama a atenção na obra.

Não à toa, afinal Coppola teve uma longa vida, ele é considerado o fotógrafo que registrou quase um século de história da capital portenha. Muitas das imagens diferem do cenário atual apenas pelos carros, roupas, publicidade. Ou seja, a memória aqui parece mais preservada.

Virando a esquina, logo na saída da exposição, nos deparamos um prédio demolido para construir outro no lugar, mas com a fachada intacta. Talvez não seja mera coincidência.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Lula encontra Cristina e lideranças políticas em Buenos Aires


Por Marina Mota | Valor

BUENOS AIRES - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se nesta quarta-feira por pouco mais de duas horas com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na Casa Rosada, em Buenos Aires. Antes do almoço, que também teve a presença do embaixador do Brasil no país, Ênio Cordeiro, e do presidente do Instituto Lula, Luiz Dulci, o ex-presidente e a mandatária argentina conversaram reservadamente.

Da Casa Rosada, Lula seguiu direto para Mar del Plata, no litoral argentino. Logo mais à noite, ele fará uma palestra paga no Colóquio Idea, principal foro de empresários da Argentina.

Nesta manhã, o ex-presidente brasileiro se reuniu no Hotel Palácio Duhau, no Bairro da Recoleta, com lideranças políticas e sindicais argentinas aliadas ao governo de Cristina.

Segundo a assessoria de imprensa, Lula comentou o êxito do PT e da base aliada no primeiro turno das eleições municipais. Ainda de acordo com a assessoria, ele também discutiu uma proposta de integração latino-americana do ponto de vista da sociedade civil e a necessidade de uma doutrina para avançar em relações além das comerciais.

A visita à Argentina ocorre em data emblemática para o Peronismo, corrente da qual Cristina Kirchner faz parte. Os militantes recordam nesta quarta-feira o 17 de outubro de 1945, marcado por diversas manifestações comandadas pela então primeira-dama Eva Perón para libertar Juan Domingo Perón da prisão.

Esta é a segunda viagem ao exterior do ex-presidente Lula, depois do diagnóstico de câncer na laringe em outubro de 2011. A primeira foi ao México para uma palestra no evento “México Século XXI”, no dia 21 de setembro. Na ocasião, não houve encontro com o presidente daquele país, Felipe Calderón.

Na volta ao Brasil, Lula retoma a agenda eleitoral com uma série de atividades de apoio aos candidatos petitas, que disputam o segundo turno. Na sexta-feira (19), participará de comícios em Santo André e Mauá, no ABC paulista, no sábado (20), em Campinas e São Paulo, na terça (23), em Fortaleza e João Pessoa e na quarta (24), em Salvador.

(Marina Mota / Valor)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Teatrinho para bebê ou danza a upa

Upa é o mesmo que dar braço ou colo. O Tomás, que mistura muito os dois idiomas, às vezes pede do nosso jeito e em outras à moda argentina. Eu acho lindo quando ele diz: mamãe, quero upa (assim mesmo, em português e espanhol ao mesmo tempo).

E Danza a Upa é um espetáculo de teatro concebido para bebês de oito meses a três anos. É curto, só dura meia-hora e tem muita cor e movimento. Eu achei que o Tomás ia ficar meio inquieto e ficou mesmo, mas só até a peça começar. Aí, assistiu quietinho e boquiaberto.

O local da apresentação chama Teatro del Angel (achei lindo o nome). No site deles, diz que é o primeiro teatro para bebês da Argentina (não sei se tem um lugar assim no Brasil, mas deveria). As arquibancadas são baixas para que os pequenos possam subir e descer e tem colchonetes espalhados pelo chão. Ou seja, seguro até para os mais levados como o meu filho.

Fomos conhecer este teatrinho no dias das crianças argentino, em agosto. Amanhã, é dia das crianças no Brasil e eu espero comemorar com o Tomás da mesma forma, com um passeio legal, carinho e atenção. Quem sabe um pique-nique, um cinema ou outro teatrinho? Ainda não escolhi o passeio, mas programação cultural e infantil por aqui é o que não falta.

O que certamente não vai ter no dia das crianças dele (na data brasileira ou na argentina) é presente caro. Não sou a favor de estimular o consumismo e na minha vida atual, nem tem espaço pra isso. Daqui um ano ou dois, vamos embora e quanto menos coisa pra levar, melhor.

Sempre estraguei os afilhados e filhos de amigos, então, deixo esta missão para os avós e tios do Tomás. De mim, ele recebe educação, atenção, muito amor e carinho. Ah, e upa também.

A gente brinca, cozinha e cuida das plantas juntos, faz acampamento na sala de casa, dança, canta, vai ao cinema, ao teatro, ao parquinho. Já transformamos uma caixa de ar-condicionado em teatro de fantoche, fizemos bonecos com rolos de papel higiênico, boliche com garrafa de água e pintamos (ou melhor, sujamos) a casa de tinta várias vezes. E quer saber? Acho que é mais divertido assim.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sorria, você está em Buenos Aires

Tomás com a Mafalda

Até quem não é fã de quadrinhos, pelo menos, já ouviu falar no argentino Quino – mais famoso cartunista do país – e na sua Mafalda – a menina contestadora e preocupada com a paz mundial, que nasceu nos anos 1960 e ganhou notoriedade em todo o mundo.

Os turistas que visitam Buenos Aires fazem fila para tirar fotos com a estátua da pequena notável na esquina das ruas Defensa e Chile, no bairro de San Telmo.

Mas agora Mafalda não está mais sozinha. Ganhou a companhia da escultura de outro personagem, o playboy argentino Isidoro Cañones, criado por Dante Quinterno.

Nos próximos meses, outros personagens, como Larguirucho, de M. García Ferré, e Clemente, de Caloi, também vão ganhar “corpo” nas ruas da capital portenha formando o Paseo de la Historieta. A última estátua do Paseo vai ser do personagem atual e campeão de vendas de livros, Gaturro, do cartunista Nik.

O novo circuito turístico vai ter seis quarteirões, saindo da estátua da Mafalda e seguindo em direção a Puerto Madeo, onde foi lançado recentemente o Museu do Humor gráfico argentino. A ideia é atrair os curiosos até o Museu, que foi inaugurado no prédio (lindo!) de uma antiga cervejaria, La Munich.

Achei o lugar mal cuidado, principalmente, por ter sido inaugurado há tão pouco tempo. Mas vale a visita, até porque fica no Puerto Madero entre o canal onde estão os restaurantes (parada certa dos visitantes) e o Parque da Costanera Sur (pouco conhecido dos turistas, mas adorado pelos portenhos).

No Museu, dá para conhecer um pouco da história do humor gráfico argentinos desde o século XIX até os dias de hoje. Pra mim, ficou faltando a Maitena e suas “mulheres alteradas”, talvez por uma questão de mera identificação.

Pra quem vier por aqui, fica a dica: conhecer um pouco da tradição humorística argentina e sorrir. Aliás (sou suspeita pra falar, porque adoro a cidade), estar em Buenos Aires já é um bom motivo para sorrir.
Fachada do Museu do Humor

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

La inseguridad


Há algum tempo, eu queria tirar fotos dos murais da Evita no Ministério do Desenvolvimento Social, mas quase nunca vou pros lado de lá. Hoje, aproveitei que estava por perto e sentei num café bem próximo ao prédio, na Avenida 9 de julho. Assim que tirei a câmera da bolsa, o garçom me alertou: moça, esconda sua câmera, senão passam uns "chicos" e levam. Só consegui fazer uma única foto (que nem ficou boa, mas postei assim mesmo), tomei meu café rapidamente e fui embora.

Vim pra casa pensando em escrever sobre a sensação de insegurança que percebo em Buenos Aires. No começo, nem me ligava nisso. A cidade é tão linda que ofuscava qualquer perigo. Mas com o tempo, acabei entrando um pouco na onda.

As pessoas falam muito na insegurança, a televisão mostra assaltos o dia todo e a violência é sempre apontada pelos manifestantes como um dos motivos para os "cacelolazos" contra o governo. No site do Consulado do Brasil, tem um alerta para os turistas brasileiros sobre o grande número de furtos. Tudo isso, infelizmente, me lembra muito a minha Fortaleza, onde as pessoas vivem em pânico. A diferença é que aqui ainda não encontrei segurança armado na porta dos comércios, o que é tão comum por lá.

Segundo a última pesquisa do Latinobarômetro, o principal problema do país para o argentinos é a violência, com 35% das citações espontâneas. Para os brasileiros, o principal problema é a saúde com 18%. Mas a percepção pode não ser um retrato fiel da realidade.

A capital portenha tem uma taxa de homicídio de 5,81 por cada 100 mil habitantes, segundo relatório da Justiça Argentina de 2010. A capital brasileira com melhor índice é São Paulo e tem mais que o dobro, 13,7. Fortaleza está em 12⁰ lugar, com 45,9 homicídios por cem mil habitantes e a capital mais violenta, Maceió, com 109,9. Os dados brasileiros são do mapa da violência divulgados neste ano com base em 2010.  

O número de homicídios costuma ser o indicador mais concreto para medir a violência, porque em casos de furto, por exemplo, ou de violência doméstica e sexual, costuma haver muito sub-notificação. Mas não explicam a sensação de insegurança, já que o medo é subjetivo e muito ligado àquilo que nos afeta. Se as pessoas sentem insegurança, deve sim haver uma razão para isto.

Quando comecei a escrever este texto, uma amiga comentou no facebook que sofreu uma tentativa de assalto hoje em San Telmo. Não quero alarmar ninguém, afinal, os números mostram que Buenos Aires é mais segura que qualquer capital brasileira. Mas não custa nada ficar atento e seguir o aviso do Consulado.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Brincando de gente grande



Outro dia, ia caminhando pela rua com o Tomás e, de repente, ele aponta e diz: mamãe, banco, dinheiro. Perplexa, pergunto: e o que a gente faz com o dinheiro? Ele responde: compra. Pronto, criei um mini-capitalista.

Mas, antes que entrasse em pânico e decidisse criar o Tomás numa comunidade alternativa, lembrei como esta história começou. No Museu de los Niños.

Capitalismo ou anti-capitalismo a parte, o passeio (que é pago, obviamente) é super divertido. Uma cidade em miniatura, onde as crianças brincam e aprendem brincando.

Na verdade, meu filho estava apenas recordando que brincou de trabalhar num banco. Depois sacou dinheiro de brinquedo e levou para fazer compras no supermercado. Ufa!! Ele ainda não está contaminado pelo consumismo e, juro, quase nunca me pede pra comprar nada, nem mesmo em loja de brinquedos (até porque se pedir, geralmente, escuta um não).

No Museu de los Niños, o Tomás também dirigiu caminhão, pilotou um navio, trabalhou nos correios, brincou de médico, de frentista de posto de gasolina e de jogador de futebol.

A única parte que ele não viu a menor graça foi brincar de ser jornalista. E olha que ele já sabe que o papai e a mamãe são jornalistas. Mas sempre diz o trabalho dele é ir pra escola e o nosso ficar em casa. Por isso, quando crescer ele não quer ser jornalista, quer andar na corda igual ao moço do parque. Mal sabe ele, que na vida adulta a gente se equilibra todos os dias.









sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Flores pra todo lado

Fui recebida na escola do Tomás hoje com um "feliz primavera". Teve festa, lembrancinha, tudo pra comemorar a estação mais colorida do ano. 

Mas, para minha supresa, as celebrações não são só coisa de escola de criança.

Por toda parte, as pessoas se reuniram, com direito a show no planetário e nos parques. A TV passou o dia mostrando as comemorações pela cidade.

Achei lindo ver todo mundo com roupa florida e carregando flores pela rua. A manicure ganhou um buquê do namorado enquanto fazia a minha unha e me matou de inveja.

Acabei entrando no clima também. Coloquei roupa florida e resolvi enfeitar a casa. E vim aqui desejar feliz primavera pra vocês.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Muitos canais e pouca informação na TV argentina

A quantidade de canais de notícia na TV a cabo argentina chama a atenção. São oito canais e no Brasil apenas três. Assuntos como política e economia fazem muito mais sucesso entre os hermanos que entre nosotros.

Aqui, é mais do que comum debater sobre o governo com o taxista ou o porteiro do prédio. Discute-se  política e economia com a facilidade com que se fala de futebol ou de novela. Alguns cientistas políticos e economistas viram celebridades com direito a matéria de capa na revista Caras.

E a realidade se reflete na telinha, como diriam alguns teóricos por aí. Num canal, uma mesa redonda discute o câmbio, no outro a inflação, no outro a reforma da Constituição. Até debate sobre Foucault na TV eu já assisti. E pasmem, tem audiência.

Mas nem  a concorrência nem a audiência eleva a qualidade da televisão argentina (e falo de modo geral, não só dos canais de notícia) . Há bizarrices sem fim, mas eu prefiro me ater a falar do telejornalismo.

Uma matéria publicada hoje no La Nación questiona o mérito, a falta de pluralidade do noticiário. As críticas são relacionadas à cobertura do último panelaço. Milhares de pessoas nas ruas e muito pouco na TV.

Diria que falta agilidade também. E qualidade técnica. Há poucas reportagens. O mais comum é deixarem o link de vivo aberto com transmissões que vão de discurso presidencial, a protestas ou uma movimentação pós tentativa de assalto. Logo que cheguei o caso de uma menina desaparecida comoveu o país e a mãe dela, as tias, as vizinhas choravam o dia inteiro ao vivo na televisão.

Os telejornais geralmente tem bancadas enormes, com apresentadores que falam sobre tudo enquanto tomam café com medialuna. Antes dos intervalos toca até Michel Teló e Gustavo Lima. O pior dos canais de notícia usa música de suspense e letreiros (sempre os mesmos diga-se) para anunciar o início da primavera ou qualquer catástrofe.

Os brasileiros acostumados com a nossa boa e velha televisão tomam um choque. Pelo menos, os que ficam aqui em casa percebem e comentam a diferença. Quem me conhece sabe que sou apaixonada por televisão. Já trabalhei em televisão, estudei sobre televisão, adoro assistir TV e ler sobre o assunto, talvez por isso até prefiro não falar muito. E vou terminar o texto com uma justificativa/defesa (embora seja apenas uma hipótese minha, deve haver outros motivos também).

Recentemente, encontrei num livro um bom motivo que talvez explique o desnível entre a nossa TV e a argentina. Não existe uma tradição de televisão comercial. O serviço foi estatizado pelos militares e cada arma ficou responsável por um canal. Imagina como devia ser a programação da Marinha ou da Aeronáutica?? Só voltou à inciativa privada no início dos anos 1990. Ainda está engatinhando.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A "disneylândia" da Cristina

Tecnópolis é uma mega feira de ciência e tecnologia organizada pelo governo argentino. A primeira edição foi em 2011 para marcar o bicentenário da independência. E neste ano, repetiram a dose. Agora, já se fala até em transferir a Feira do Livro de Buenos Aires para o local. A exposição começou em julho e vai até o próximo mês.

No último fim de semana, fomos finalmente conhecer. O ponto alto (pelo menos pra nós) é a mostra de dinossauros. São bonecos enormes (como nunca vi um dinossauro não sei se estão em tamanho original, mas imagino que sim), com som e movimento. O Tomás que é louco por dinossauros ficou maravilhado e tem certeza que eram de verdade. Ele diz que foi para um zoológico de dinossauros.

Diante do encantamento do meu filho, eu tenho que me render e dar o crédito necessário ao grande parque de entretenimento da Cristina Kirchner. Até mesmo os jornais de oposição se renderam e admitiram que foi a grande atração das férias para crianças. No inverno tinha ainda pista de patinação e no ano passado um pedaço de um glaciar da Patagônia.

O lado feio também existe, claro. Já apareceram denúncias de corrupção e superfaturamento. Além disso, é propaganda explícita do governo. Até chegar no parque de dinossauros, há um longo caminho onde se pode descobrir, por exemplo, gastos com educação, construção de casas populares, investimento em saneamento, etc

Fora isso, é diversão garantida. Até pra quem não é mais tão pequeno assim.






   


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Leitura engajada


Por Marina Mota | Para o Valor, de Buenos Aires

Logo na entrada da livraria El Ateneo - a mais famosa e visitada de Buenos Aires - uma das estantes de produtos à venda revela duas paixões dos argentinos: os livros e a política. O resultado dessa combinação é visível também nos números do mercado editorial: cerca de 25% das publicações argentinas estão relacionadas à política, segundo Jorge Testero, presidente da Comissão do Livro Social e Político da Câmara Argentina do Livro.

Em 2010 foram publicados 26,3 mil títulos, sendo 22,7 mil novas obras, de acordo com dados da entidade. As vendas chegaram a quase 76 milhões de exemplares e os livros classificados como políticos e sociais representaram mais de 20% do montante. No Brasil, mercado quatro vezes e meio maior que o argentino, foram publicados 54,7 mil títulos em 2010, mas os lançamentos na categoria de títulos políticos e sociais não chegaram a 19 mil, de acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo.

Os números argentinos de 2011 ainda não estão disponíveis, mas Testero adianta que houve crescimento. Curiosamente, os livros políticos não são baratos, custam em média entre US$ 25 e US$ 30. "Do ponto de vista comercial, é uma das áreas editoriais mais dinâmicas, com muitos lançamentos, promoções e uso desses títulos pelas livrarias para atrair clientes", diz.

"No próximo ano, certamente vão ser lançados numerosos livros por causa das eleições parlamentares, repetindo o que aconteceu em 2011, também de eleições", afirma Daniel Molina, crítico literário e coordenador da área de letras do Centro Cultural Ricardo Rojas da Universidade de Buenos Aires. Como no geral são livros feitos de forma muito rápida, Molina questiona a qualidade. "Há investigações sérias, mas também obras ruins, com muitos erros."

Historicamente, o debate político tem sido muito popular no país. "A decisão de compra é uma forma de marcar posição. Os partidos estão enfraquecidos, então a classe média encontra nos livros um substituto psicológico", diz Molina. O fenômeno, para ele, tem a ver também com uma forte tradição de leitura. "Isso só faz sentido porque as pessoas leem muito. Desde a independência o debate se dá dessa forma", acrescenta Molina.

O próprio nascimento da literatura argentina está relacionado com o tema. Em 1838, foi escrito o conto "El Matadero", de Esteban Echeverría, que denunciava a ditadura de Juan Manuel de Rosas. Sete anos depois, Domingos Sarmiento, futuramente presidente da República, publicou o romance "Facundo", em que resgata a história de Facundo Quiroga, um caudilho da província de La Rioja.

Outro marco é a obra "Operación Masacre", de Rodolfo Walsh. Lançado em 1957, o livro narra o fuzilamento de civis pelo governo do general Aramburu, dando os primeiros passos num estilo que acabaria conhecido alguns anos depois como jornalismo literário, quando Truman Capote publicou "A Sangue Frio" nos Estados Unidos. Depois de uma entressafra de duas décadas a partir dos anos 1970 - período marcado por umas das ditaduras mais violentas da América Latina -, a tendência voltou forte no início dos anos 1990.

A nova onda foi inaugurada pelos livros "Robo para la Corona", de Horacio Verbitsky, e "Por Qué Cayó Alfonsín, el Nuevo Terrorismo Económico", de Luis Majul, dois recordistas de vendas. Ambos os autores são jornalistas muito conhecidos no país. No ano passado, Majul lançou outro fenômeno editorial, "Él y Ella" - primeiro no ranking de não ficção de 2011 -, com denúncias de corrupção envolvendo Néstor e Cristina Kirchner, no momento em que a presidente disputava a reeleição.

Quando ainda era uma jornalista em início de carreira, Laura Di Marco se surpreendeu ao ouvir do veterano Majul que comprou um apartamento com as vendas do primeiro livro. Hoje, ela é a autora do livro político de maior êxito em 2012. "La Campora" vendeu 60 mil exemplares em seis meses. A primeira edição de sete mil exemplares se esgotou em dois dias.

A obra conta a história de uma corrente de apoio ao governo gestada por Néstor Kirchner. "La Campora", cujo nome faz menção ao presidente argentino que ocupou o cargo em 1973 para em seguida repassá-lo a Juan Domingo Perón, é formada por jovens que atualmente ocupam cerca de 2 mil postos na máquina estatal. "Esse é um livro com a foto em movimento, escrevi à medida que os atos iam acontecendo, tive que fazer muito rápido", conta. A pesquisa e redação do livro durou um ano.

"Comecei a escrever com uma visão curiosa, depois fui me tornando mais crítica", afirma Laura. A jornalista se deparou com um desafio permanente da atividade na Argentina: é extremamente difícil checar uma informação. Assim como a maior parte dos integrantes do governo, os membros da tendência também não falam com jornalistas que não sejam kirchneristas. Laura adianta que já começou a desenvolver um novo projeto sobre aspectos desconhecidos da história de Cristina.

Embora os livros críticos tenham público maior, há espaço farto para o governismo. A biografia autorizada de Cristina Kirchner, "La Presidenta", de Sandra Russo, também liderou as listas de mais vendidos no ano passado. Neste ano, um dos destaques kirchneristas é obra de encomenda, "Eva y Cristina", de Araceli Bellotta, comparando a vida da atual mandatária com a de Evita Perón.

Araceli conta que o livro demorou nove meses para ficar pronto. A pesquisa sobre Evita ela já tinha de outros livros que escreveu e o trabalho foi centrado principalmente na parte sobre Cristina, também com várias citações de outras publicações. "Eu sou peronista e feminista", faz questão de deixar claro. "Acho importante se identificar, porque muitos dizem que são independentes e não são."

Uma frase do político argentino Antonio Cafiero muito famosa entre os "hermanos" afirma "que o peronismo dá para tudo". Não podia ser diferente na produção literária. Tanto que desta quinta ao sábado o Museu Evita em Buenos Aires está sediando a quarta edição da Feira do Livro de Temática Peronista, com debates, lançamentos e presença de 37 editoras, tanto de grandes grupos como de universidades e algumas especializadas em peronismo. As doações das editoras que participam da feira à Biblioteca do Museu dão uma medida da quantidade de publicações. Só no ano passado, foram cerca de 300 títulos. Segundo Laura Macek, uma das organizadoras, nem todos os autores são peronistas. "Há intelectuais contrários também. Demorou muito para que eles quisessem participar, mas entenderam que é um espaço de discussão", comenta.

Na última Feira do Livro de Buenos Aires, em abril, a política ocupou lugar de destaque, com presença de autoridades no debates, jornalistas e diversos lançamentos. Na capital, há um Museu da Língua e do Livro com uma seção dedicada às obras políticas. É comum encontrar na Argentina bibliotecas com obras importantes em casas de classe média. Para se ter uma ideia, entre os anos 1920 e 1970, metade dos livros em espanhol no mundo era vendida só na cidade de Buenos Aires.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Feira do Livro de Temática Peronista

De hoje até sábado (8), Buenos Aires vai ser palco de inúmeros lançamentos literários e discussões sobre um tema intrinsecamente ligado à argentinidade: o peronismo. A quarta edição da Feira do Livro de Temática Peronista, no Museu Evita, vai reunir editoras, intelectuais e políticos.

São 25 stands com produções sobre peronismo – nem todas são a favor, há autores críticos também – e pelo menos cinco lançamentos diários nos três dias de Feira.   

As mesas temáticas de discussão reúnem para debater, um político, um estudioso do assunto e um militante peronista. A primeira, logo mais a noite, se dedica ao movimento operário. O ministro do Trabalho da Argentina, Carlos Tomada é um dos participantes.

Amanhã, a discussão é sobre as Ilhas Malvinas e, no sábado, sobre mulheres e gestão política (essa me parece a mais interessante). 

No ano passado, mais de três mil pessoas passaram pela Feira. A expectativa para esta edição, segundo os organizadores, é atrair um público ainda maior. Para quem vem a Buenos Aires neste feriado, está aí uma boa oportunidade de conhecer um pouco desta corrente política singular na América do Sul.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O furacão republicano


No noticiário internacional de hoje, a Convenção Republicana, que oficializa a candidatura de Mitt Romney, divide espaço com o furacão Isaac. Estaria talvez mais para democrata este furacão. Mas para sorte de Romney, o pior já passou e, nesta quinta, o discurso do candidato deve atrair todos os holofotes.

Até agora, alguns dos destaques da festa republicana foram as aparições de Ann Romney - a esposa sobrevivente de câncer e de esclerose múltipla com carisma muito maior que o do marido - e Paul Ryan - o candidato a vice, conservador, representante do Tea Party e ex-presidente da comissão de Orçamento do Congresso.

A presença de Ann humaniza o candidato, mas a escolha do vice sinaliza que é mesmo a economia que deve ser a estrela do debate nos próximos meses. "It´s the economy, stupid", já dizia um estrategista de campanha do então candidato Bill Clinton.

Bem que a opção republicana poderia ser a de atrair os eleitores mais jovens, mulheres ou imigrantes, já que os apoiadores do partido são principalmente homens e brancos. Romney é vitorioso no voto masculino e Obama no feminino.  O recorte étnico também é bem definido, historicamente e cada vez mais, entre os dois partidos. E o país deixou de ser majoritariamente branco.

Mas vale lembrar que Obama não ganhou só porque é negro ou jovem, mas porque simbolizava uma mudança, que passava, claro, também pela economia. É bem verdade, que a crise não se aprofundou nos últimos quatro anos, mas Obama não foi capaz de trazer de volta os tão sonhados empregos e a prosperidade econômica. Avançou, mesmo que de forma tímida, na assistência social. O medicare, que proporciona alguma atenção médica a cidadãos antes desassistidos, é uma das marcas da gestão Obama. E é exatamente aí (mas não só) onde os republicanos prometem retroagir.

De um lado, a defesa do Estado mínimo, políticas ultraconservadores. Do outro, um Estado um pouco mais intervencionista, que não foi capaz de trazer a tão esperada mudança. Resta saber qual modelo vai convencer desta vez a nova cara, diga-se muito mais colorida, dos Estados Unidos.
 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Peronismo e artes plásticas

Quadros de Carpani em exposição no Museu Evita 

Dizem na Argentina (ou melhor, a frase é do político Antonio Cafieiro) que "el peronismo da para todo". Pois esses dias, eu descobri que o peronismo também rende inspiração para as artes plásticas.

Até o final deste mês, quem vier a Buenos Aires tem a chance de conferir, no Museu Evita, a exposição do pintor peronista Ricardo Carpani. A obra do artista é inspirada principalmente na luta da classe trabalhadora. Ele chegou a pintar gratuitamente murais e cartazes para sindicatos.

Em exposição estão algumas de suas mais famosas criações, como os rostos de Eva Perón, Rodolfo Walsh e Roberto Arlt e os quadros de dançarinos de tango. Além de misturar arte e política, o artista tem um traço muito peculiar, um estilo marcado.

Outro pintor peronista - e este faz questão de se definir assim - eu descobri conversando com o escritor Daniel Guebel, que lançou recentemente "A Carne de Evita". Na obra, que mistura ficção com realidade, há um artista que realiza trabalhos por encomenda para Perón. Guebel me disse que o personagem foi inspirado em Daniel Santoro, cuja obra também é repleta de referência a Evita e à classe trabalhadora.

Pra quem tiver curiosidade, o catálogo de obras de Santoro pode ser visto na internet.

O Museu Evita também acaba de lançar um tour virtual com todo o acervo da coleção permanente. Não dá pra ver Carpani, mas dá pra sentir um gostinho do peronismo, que é tão marcante por aqui.

Também já escrevi aqui sobre os bares peronistas e recentemente uma matéria sobre os 60 anos de morte de Evita.

sábado, 21 de julho de 2012

60 anos de morte de Evita Perón

Na próxima quinta-feira (26), é o sexagésimo aniversário de morte de Eva Perón. Tantos anos depois, a presença deste ícone nacional é marcante na vida e na política argentina.

Aqui, a matéria que escrevi para o Valor Econômico.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Buenos Aires sem gasolina

Na semana passada, não tinha dinheiro nos caixas eletrônicos em Buenos Aires. Desde ontem, falta gasolina. Panelaço de madame de Palermo e Recoleta chama a atenção, rende belas imagens, mas quem tem força pra parar um país é protesto de trabalhador.

O Sindicato dos Caminhoneiros também ameaça cortar a distribuição de alimentos, a coleta de lixo, os correios e colocar 100 mil pessoas e 10 mil caminhões na Praça de Maio. Na noite de ontem, os trabalhadores fecharam a saída da refinaria da YPF pra impedir a saída de caminhões. No embate, o governo mandou a polícia e conseguiu que oito caminhões saíssem com combustível, mas os sindicalistas deram o troco fechando os portões com o lixo coletado na cidade.

A reivindicação é por aumento salarial, claro, por correção da tabela do imposto de renda e por inclusão nos programas sociais do governo. Mas é também uma quebra de braço entre o presidente da central dos trabalhadores, Hugo Moyano, e a presidente Cristina Kirchner.

O sindicalista, que já foi aliado incondicional do kirchnerismo, andou perdendo espaço na relação com o governo e corre o risco de perder a eleição para a presidência da central. Para demonstrar força, colocou o time dele (que são os caminhoneiros) em campo. A presidente antecipou a volta da Rio +20.

Os jornais estão comparando o embate com um divórcio e, ao que parece, em que os dois lados sairão perdendo. Como o inverno começou nesta madrugada, junto com o paro dos caminhoneiros, o César lembrou nesta manhã da famosa citação de Shakespeare na peça Ricardo III: "o inverno do descontentamento."

Foto do site iprofesional.com


sábado, 16 de junho de 2012

Vinícius nasceu!



Meu primeiro sobrinho e o primeiro primo do Tomás. Agora sim, já podemos ir pra casa da vovó. Quando alguém perguntava ao Tomás quando ele iria pra casa da vovó, a resposta era "quando o Ícius nascer".

O Vinícius nasceu hoje, às 13h50, com 50 cm e 3,16 kg. Já estamos loucos pra conhecê-lo.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O primeiro panelaço a gente nunca esquece


Há muitos anos, eu morava nos Estados Unidos e fiz um trabalho sobre a crise argentina de 2001. Fiquei dias assistindo fitas e selecionando imagens para uma matéria. Aquelas cenas dos panelaços nunca saíram da minha cabeça. Ficaram como a maior marca do corrallito argentino.

A vida deu muitas voltas e eu acabei vindo morar em Buenos Aires. Cheguei num momento de certa calmaria. O país, dez anos depois da crise, tinha taxas históricas de crescimento. Inflação alta, com índices manipulados pelo governo, mas com consumo também em alta. Ou seja, se a renda acompanha a inflação, não incomoda tanto. E a prova de que tudo ia bem foi a votação também histórica da presidente Cristina Kirchner, com mais de 54% dos votos.

Na época da campanha, os analistas falavam muito que Cristina representava um certo “frescor” em relação ao marido e antecessor Nestor Kirchner, criticado por medidas autoritárias. E apostavam num segundo mandato mais alinhado com o mercado financeiro.  O que aconteceu foi exatamente o contrário. O segundo governo de Cristina aposta no nacionalismo e está cada vez mais fechado.

A economia começa a não ir tão bem. Claro, que os fatores externos não ajudam. Mas medidas de restrição às importações e à compra de dólares começam a incomodar os argentinos. Diga-se, os argentinos de classe média.

Eu, que nem sou argentina, estou ampliando meus conhecimentos de macroeconomia. Não só porque escrevo sobre o assunto de vez em quando, mas porque inflação e câmbio nos afetam diretamente. Aprendi a me preocupar diariamente com a variação do dólar no Brasil e na Argentina. E também estou me aprimorando em economia doméstica para lidar com os aumentos dos preços e com a falta de alguns produtos no supermercado.

Ontem, presenciei meu primeiro panelaço ou cacerolazo argentino. Voltava do shopping com o Tomás e as pessoas nas ruas batiam panelas, palmas, buzinavam.  Fiquei uns dois minutos em dúvida sobre o que seria. Se comemoravam a vitória de algum time ou se o semáfaro estava com defeito. Mas logo tive certeza de que tratava-se de um protesto. Perguntei ao porteiro do meu prédio e ele respondeu: “es la revolucion”.

O panelaço foi organizado pelas redes sociais e aconteceu na área mais nobre de Buenos Aires, em Palermo, Recoleta e Belgrano – exatamente os únicos bairros da capital onde Cristina perdeu nas eleições. Difícil, portanto, afirmar que há um clima de insatisfação geral. Os manifestantes reclamavam da insegurança, problemas econômicos e restrição à compra de dólares. Este último parece ser o principal motivo.

Aqui, é comum economizar em dólares, guardando o dinheiro em casa mesmo, comprar e alugar imóveis em dólar. O governo ao restringir a compra fez a moeda estrangeira disparar no mercado negro ou “blue”, como chamam aqui. Já ouvi mais de uma vez na rua, “estamos virando a Venezuela”.

Se é verdade ou não, só o tempo dirá. E, provavelmente, outros panelaços virão. O certo é que eu não vou esquecer meu primeiro cacerolazo argentino.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Legislação argentina na vanguarda



O projeto de um novo código civil está tramitando no Congresso Argentino, prevendo, por exemplo, normas para barriga de aluguel e contratos matrimoniais. A legislação tenta se adequar às mudanças tecnológicas e de modos de vida num mundo que muda cada vez mais rápido. E a Argentina tem estado na vanguarda na aprovaçäo de leis, principalmente, relacionadas aos direitos individuais e de minorias.

Na semana passada, o Congresso argentino aprovou duas leis nesse sentido. A primeira – menos polêmica – é a da morte digna. Menos polêmica, porque até os religiosos mais fervorosos (pelo menos, os católicos) encontram amparo numa encíclica do papa João Paulo II contra o prolongamento artificial da vida. É sabido que o próprio papa se negou a receber tal tipo de tratamento.

A segunda – esta sim mais polêmica e divisora de opiniões – é da identidade de gênero. A partir de agora, a mudança de nome e sexo em todos os documentos, inclusive certidão de nascimento, é garantida gratuitamente e sem autorização judicial. A permissão vale inclusive para menores de idade, desde que tenham aprovação dos pais ou, no caso de negativa destes, por vias judiciais. A lei também obriga os planos de saúde a realizar cirurgias de mudança de sexo.

A Argentina é o segundo país da América Latina, depois apenas da Colômbia, a legislar sobre o assunto. No resto do mundo, outros exemplos são da Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suiça e Inglaterra. No Brasil, as cirurgias são feitas pelo SUS, mas a mudança de documentos ainda requer a autorização judicial.

O casamento igualitário é outra garantia legal na Argentina desde 2010, apenas nove anos depois da pioneira Holanda. O prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, até aproveitou para criar um novo nicho no mercado turístico da capital portenha. O processo foi desburocratizado para permitir que um casal oficialize a união em apenas cinco dias.

No Brasil, o direito à união homoafetiva foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, mas não existe lei que trate do assunto. O presidente americano Barack Obama, recentemente, se declarou favorável ao casamento igualitário. Lá, apenas sete estados garantem o casamento igualitário.

O curioso é a legislação argentina ter avançado tanto em tão pouco tempo. Para se ter uma ideia, a lei do divórcio só foi aprovada em 1987, dez anos depois da brasileira e sob fortes protestos dos estratos mais conservadores. Apenas 25 anos depois, o cenário é outro.

A Argentina também vence o Brasil de goleada quando se trata de direitos humanos. Enquanto, só agora a gente tem uma comissão da verdade, os argentinos já julgaram e prenderam centenas de pessoas que cometeram crimes durante a última a ditadura militar de 1976 a 1983.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Querem trocar Madonna por Fito Paez e Charly Garcia

O título é só uma brincadeira pra falar de uma nota do El Cronista de hoje que chamou minha atenção. Mesmo tarde, não podia deixar de comentar. O jornal diz que os organizadores dos show de Madonna na Argentina - previstos para dezembro deste ano - estariam com dificuldade para enviar parte do cachê da artista, já que atualmente o país restringe a saída de dólares.

Segundo a nota, o secretário de Comércio Guillermo Moreno, responsável por liberar a saída dos dólares, foi procurado para resolver o imbróglio. Ele teria sugerido como contrapartida a realização de shows dos argentinos Fito Paez e Charly Garcia no exterior, para garantir que o dinheiro enviado voltaria ao país.

A proposta parece estranhíssima, mas tem tudo a ver com a medida de uno por uno, uma das bases de sustentação da política econômica argentina. Aqui, quem quer importar tem que exportar também. Ou seja, tem que ser um a um. Pra vender carrinho chicco ou boneca barbie na Argentina precisa exportar azeite ou vinho, por exemplo.  

Ao que tudo indica e de acordo com o jornal, que é crítico ao governo, o problema já foi resolvido e os fãs podem ficar tranquilos. Não precisa chorar por ela, Argentina.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Meu pequeno professor



Parece que foi ontem, mas já se passaram dois anos. Era uma quarta-feira, feriado de Tiradentes, aniversário de 50 anos de Brasília. Eu já sabia que podia ser a qualquer momento, mas nem imaginava como seria quando chegasse. O primeiro sinal chegou na hora do almoço.

Às 18h50, o Tomás nasceu. E na hora que eu olhei pro rostinho dele, aprendi a primeira lição: a do amor incondicional. Parecia que nos conheciámos há anos, séculos ou há várias vidas. Eu sabia que era ele e não poderia ser outro; nem mais gordo nem mais magro, nem mais branco nem mais moreno, nem maior nem menor. Tinha que ser exatemente como era.

A gente acha que tem filho pra ensinar. A viver, a comer, a sentar... Pra passar pra frente não só nossos genes, mas também nossa forma de ver a vida, referências, ideologias, valores. Mas não é nada disso. E rapidamente a gente entende que tem filho pra aprender.

O meu pequeno professor, meu menino que já tem dois anos, me ensina todos os dias. Na verdade, virou minha vida de cabeça pra baixo e mudou todos os meus conceitos. É ele quem decide o tempo e o ritmo da vida.

E segue me ensinando. Com ele, também aprendi que coisas que pareciam tão grandes e importantes não são tão grandes e importantes assim. Que o amanhã pode ficar pra amanhã. E o de agora é agora.

Meu pequeno é taurino, mas deve ter um ótimo ascendente, porque tem uma leveza e um gênio fácil que até disfarçam a teimosia. É muito decidido. Só come o que quer e quando quer. Pede pra ver Mickey na TV. Conta até dez em português, inglês e espanhol. E aprendeu sozinho, como quase tudo.

Um dia eu decidi ensiná-lo a andar. Ele fez que não aprendeu. Quando me dei por vencida, saiu andando pela casa com um soriso maroto. É a forma dele de fazer as coisas, porque adora me surpreender.

Sempre acorda de bom humor, com um sorriso que transforma qualquer dia em bom dia. E dorme segurando meu dedo. É independete e agora decidiu que já quer parar de usar fralda. E eu não tenho a menor ideia do que devo fazer...

Lembro sempre das palavras da minha médica, no dia de me dar alto do hospital. "Você acha que ama muito seu filho hoje? Pois vai ver como todos os dias vai amar um pouco mais", disse a sábia Dra. Iracema.

Obrigada Tomás por me ensinar a te amar mais todos dias e a ser uma pessoa muito melhor.



Um filme sobre a praça Tahrir

O Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires (Bafici) termina neste domingo (22) e eu acabei indo só uma vez, muito menos do que gostaria. E o que assiti não tinha nada de argentino (embora eu adore o cinema dos hermanos). Pelo contrário, produção e temáticas bem distantes daqui.

O filme Tahrir: Liberation square é uma coprodução francesa e italiana e trata, claro, da revolução egípcia que derrubou a ditadura de 30 anos de Hosni Mubarak e foi um dos pontos altos da primavera árabe.

A minha escolha foi em função do horário (no meio da tarde, quando o Tomás está na escola) e do local (o filme passou no Malba, aqui do lado de casa). Mas quem me conhece sabe que eu tenho um pezinho no mundo árabe (que não nenhuma origem familiar, apenas simpatia e curiosidade por uma cultura tão rica).

Então, foi meio por acaso, mas uma feliz coincidência. O filme é um documentário do italiano Stefano Savona sobre os manifestantes que tomaram conta da praça Tahrir no começo de 2011. Centrado no dia a dia de três jovens, o documentário registra as discussões, o desejo de liberdade, a repressão e a forma alegre de manifestar.

Chama a atenção a ausência de consenso sobre o que os manifestantes realmente queriam. Sinônimo, talvez, dos tempos em que vivemos, de menos ideologia e muita, muita velocidade e tranformação. E também a alegria dos manifestantes, uma grande marca do povo árabe. A música foi o principal grito de guerra na praça, como mostra o filme.

O trailer não consegue sintetizar a grandeza do documentário, mas mostra um pouco dessa alegria. Por isso, vale a pena conferir.



Embora o filme termine com o desfecho feliz da queda de Mubarak, na vida real os desdobramentos não foram tão felizes assim. A junta militar que ficou no governo não atendeu aos apelos e ao anseio do povo egípicio por liberdade e plena democracia. Por isso mesmo, hoje, lá estão os manifestantes, de volta à praça Tahrir.

Já escrevi aqui antes sobre primavera árabe e revolução egípicia. Olhem só:


Porque o mundo não é mais o mesmo

Não foi à toa que a revista Time escolheu "O manifestante" como personalidade de ano de 2011.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vamos a la playa


Confesso que não esperava muito, mas também não sou dessas pessoas que não mudam de ideia. Então, admito que o literal argentino tem lá os seus encantos.

O roteiro da Semana Santa foi escolhido meio por acaso. Deixamos pra última hora e quase todos os destinos já estavam lotados. Tinha vaga num hotel em Cariló e decidimos ir pra lá.

O César - que adora e lê tudo sobre turismo - já tinha ouvido falar do lugar. Pinamar é a praia dos bacanas da Argentina. No verão uma carpa (ou um lugar ao sol numa barraca de praia) pode custar até 10 mil pesos, que equivale a quase 5 mil reais. Cariló é um bairro de Pinamar, mais bacana ainda, com mansões em estilo americano construídas dentro de um bosque de pinheiros. Só o bosque já vale a visita.

A areia é escura e o mar não é verde como o nosso. Os costumes também são diferentes. A onda aqui é jogar rugby e tomar mate (quente, como chimarrão) na praia. A cidade tem boa infraestrutura, organização, bons restaurantes e comércio que não deixa a desejar em nada.

E praia é praia. Nada como pisar na areia e ver o mar. Até o frio do outono foi solidário e nos deu um belo dia de sol, no sábado, pra ficar sem agasalho.


sábado, 24 de março de 2012

O bar de las Madres

El Revolucionário é o nome do bar que vai ser aberto, logo mais, na sede das Mães da Praça de Maio. A inauguração é apenas uma das atividades para marcar a passagem dos 36 anos do úlimo golpe militar.

A proposta do bar é ser um espaço para encontro político dos jovens, uma forma de fomentar a militância, segundo disseram os idealizadores aos jornais argentinos.

Mas o bar das Mães não é o único temático de Buenos Aires, muito menos o único cujo tema é a política e, digamos assim, a política alinhada ao peronismo. El general, Un café com Perón e Perón Perón são outros exemplo.

O idealizador do Revolucionário é exatamente o proprietário do Perón Perón, bar com direito à altar para "Santa Evita" e o favorito da juventude alinhada ao kirchnerismo. É frequentado inclusive pela filha de Nestor e Cristina, Florencia Kirchner.

Espero conferir em breve e conto pra vocês como é o "novo point", mas pelo que li não faltarão fotos do Che, da atual presidente e do marido, além, claro, dos lenços brancos símbolo das Mães.

Deixo aqui algumas fotos do Perón Perón. Peronismo a parte, é legal e tem boas opções de petiscos.

terça-feira, 20 de março de 2012

Primárias nos Estados Unidos


Mais uma primária republicana está sendo disputada hoje. Desta vez, no estado de Ilinois – berço político do presidente Obama.

O ex-governador do Massachussetts, Mitt Romney, é o favorito para levar os votos dos delegados do estado e também o primeiro na disputa até agora. Mas a definição do adversário de Obama ainda pode demorar.

Nos Estados Unidos, a disputa por votos começa muito antes das eleições. A primeira etapa do processo eleitoral são exatamente as primárias, realizadas nos cinqüenta estados de janeiro a junho para que os partidos escolham os candidatos. É isso mesmo, o aspirante a presidente precisa ser eleito candidato.

A disputa nos partidos costuma ser quase tão acirrada quanto a própria eleição e sai vitorioso aquele que consegue obter o maior número de delegados – também escolhidos em primárias propriamente ditas ou nos caucus (prévias), que são reuniões de eleitores por distritos eleitorais para eleger delegados para as convenções dos condados, que por sua vez elegerão os delegados para as convenções estaduais, de onde sairão os delegados nacionais para as Convenções Nacionais dos partidos.

O processo de indicação dos candidatos pode variar de estado para estado para estado. Os tipos mais frequentes são as primárias fechadas – nas quais os eleitores só votam nos pré-candidatos do partido em que são registrados –, e as primárias abertas - em que os eleitores podem participar da escolha de qualquer partido. É possível ainda a realização de primárias em que os eleitores possam votar em candidatos dos dois partidos, mas essas são bastante raras.

As primárias são iniciadas pelos estados de Iowa e New Hampshire, que, apesar de pequenos, possuem leis para garantir primazia no processo. Mas o ponto alto costuma acontecer entre fevereiro e março. Neste período é realizada a "Super Terça-Feira", com primárias em diversos estados e que pode ser decisiva. Neste ano, foi no último dia 6.

Além dos delegados convencionais, escolhidos nas prévias e nas primárias, existem ainda os chamados superdelegados, que geralmente têm assento assegurado pela posição que ocupam no partido ou em função de cargo eletivo. Ou seja, o processo é complexo.

Em 2008, os republicanos definiram a candidatura de John McCain ainda em fevereiro, logo após a “Super Terça”. Já Obama e Hillary Clinton disputaram a preferência dos democratas voto a voto até o mês de junho.

Agora, ocorre o contrário. Com candidato democrata definido e republicano em aberto. Por isso, Obama segue líder nas pesquisas. Talvez, menos por mérito que pela ausência de adversário.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Uma biblioteca portenha só para niños


"Reina Batata" é um personagem da escritora e compositora argentina Maria Elena Walsh, que dedicou boa parte do seu trabalho às crianças. Na música da artista, a batata escapa de ir para a panela e acaba sendo salva pela caçula da casa.

Além de virar rainha, a batata foi ainda mais longe. Virou nome de uma biblioteca infantil em Buenos Aires. Uma homenagem à escritora - falecida em 1985 - e um presente para as crianças.

O lugar enche os olhos até de quem já é bem grandinho, então, imaginem do pequenos. O Tomás ficou encantado e só saiu na hora de fechar, reclamando. Em casa, a brincadeira preferida também é com livros.

O acervo da biblioteca é organizado por idade, de 0 a 13 anos. As crianças podem ler e se divertir no local ou levar os livros pra casa, como numa biblioteca para adultos.

E tem ainda uma bebeteca, isto mesmo, uma biblioteca para bebês, com tapete, cabana, livros com textura, tudo muito colorido, do jeito que eles gostam para incentivar o contato com os livros desde bem pequenos.

A biblioteca Reina Batata fica nas Barrancas de Belgrano, um lugar lindo e próximo ao Bairro Chino, que eu já andei falando um pouco por aqui.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Quem disse que Buenos Aires não tem Carnaval?

Tem, mas nem parece. Falta animação. Falta gingado. E pior, falta cerveja. Isso mesmo, nos locais onde se realizam as murgas - apresentações populares "carnavalescas" argentinas - é proibido vender bebida alcóolica.

Existem mais de 100 murgas na cidade, de diversos bairros portenhos. Os participantes ensaiam o ano todo e começam a se apresentar antes mesmo do Carnaval. Mas o ápice (se é que se pode chamar assim) foi neste fim de semana.

Nós fomos num dos pontos de apresentação, no bairro de Almagro. Quando chegamos, a pergunta foi: que horas começa?? Pra nosso espanto, já havia começado.

Era a vez da murga Los Inevitables de Flores. Só havia um casal de cantores a la Jane e Herondy no meio do rua. Mas não demorou e veio o resto do "bloco". Mais parecia um desfile de 7 de setembro numa cidade do interior. Trajes simples, danças quase infantis. Não precisa dizer que também não toca samba.

Em alguns lugares do país, dizem, existe um Carnaval mais parecido com o nosso, como na província de Corrientes. Mas só indo lá pra conferir.

Na verdade, o país não tem uma tradição de Carnaval. O feriado foi proibido por mais de 30 anos desde o início da última ditadura e só voltou em 2010.

Eles não sabem fazer um Carnaval como o nosso, mas a gente também não sabe fazer tango como eles. Como já disse um grande poeta brasileiro, "cada um no seu quadrado".

O Tomás foi com a gente e ele sim adorou. Pra quem nunca viu um Carnaval de verdade, qualquer coisa com som e cor é, como ele diz, "naval". Por isso, eu admiro e às vezes até invejo a inocência das crianças.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Viajando com bebê II



Depois de toda a confusão de aeroporto, avião, embarque, desembarque, vocês chegaram. E agora?

Agora, você corre o risco de fazer uma mega programação que não tem nada a ver com criança e acabar se estressando e estressando a criança ou ficar praticamente trancada para poupar o bebê. Eu já fiz os dois. Mas a melhor opção é conseguir se divertir respeitando os limites do seu filho.

Dependendo da idade, a criança é mais ou menos tolerante a certos passeios. Por exemplo, bebês pequenos ficam super bem em restaurantes, mas os maiores são ótimos companheiros de atividades ao ar livre. Crianças são sempre cuiriosas, então, é fácil tornar um museu interessante. Mostre, aponte o que tem de novo e diferente.

É claro que viajando com um bebê é complicado sair pela manhã e só voltar a noite. Precisa dar uma parada, até mesmo para a mamãe descansar. Mas por outro lado, você tem que quebrar alguns paradigmas. Não dá pra viajar seguindo uma rotina rígida. Nós adultos também quebramos a nossa rotina quando viajamos, não é mesmo??

O bebê certamente sobreviverá (o meu, pelo menos, sobreviveu) se não comer três tipos de verduras, dois de legumes, dois de grãos, três porções de frutas e se não alternar carne vermelha e branca por alguns dias. A regra de ouro é simplificar. Iogurte, potinho, suco de frutas e biscoitos são muito mais práticos e fáceis de carregar. A soneca da tarde pode ser durante um passeio, no carrinho.

Só com uma coisa não dá pra descuidar: a higiene do bebê e dos utensílios. Principalmente, dos bebês com menos de um ano. Por isso, na hora de programar a viagem é melhor dar preferência a um flat, apart, apartamento de temporada. Mas se o único jeito for mesmo hotel ou pousada (já ficamos algumas vezes), peça ajuda aos funcionários para esterilizar mamadeiras na cozinha, fever água, etc Geralmente, eles também oferecem bercinho e cadeira de alimentação.

Viagem é sinônimo de diversão. Por isso, use a criatividade para superar a falta da estrutura que tem em casa. Um banho de chuveiro ou balde, por exemplo, pode se transformar numa grande farra. Um city tour pode muito bem ser feito com um carrinho. E já pensou se a sua mãe deixasse você almoçar danoninho, como você teria achado divertido?

Para não se estressar, é bom deixar um pouco de lado todos aqueles conselhos das avós, tias e pediatras (e dos blogs, inclusive, deste). Siga sua intuição de mãe que tudo dá certo. Afinal, como diz uma amiga minha, ser boa mãe é ter filho feliz.