Em Buenos Aires

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

8N ou o cacerolazo mais alardeado do ano

A expectativa é de uma noite difícil para o governo argentino. Logo mais, manifestantes prometem tomar as ruas de Buenos Aires e de outras cidades do país com panelas em punho para mais um cacerolazo ou panelaço - forma de manifestação que ficou famosa no auge da crise de 2011.

O movimento de hoje vem sendo chamado de 8N em alusão à data 8 de novembro e a uma campanha do governo que chamou de 7D o dia 7 de dezembro, quando o Grupo Clarín deve ter que se adequar á lei de medios, que restringe a propriedade dos meios de comunicação no país.

O calor atípico para esta época do ano resultou numa sobrecarga do sistema elétrico e deixou parte da cidade sem luz nos últimos dois dias. Também houve problemas de fornecimento de água e uma greve que está deixando a cidade coberta de lixo. Tudo isto pode ser um motivo a mais para os manifestantes, que inclusive já protestaram nos bairros contra os cortes de luz.

As queixas são as mesmas dos cacerolazos que estão tomando forma há alguns meses e conseguiu reunir milhares de pessoas no dia 13 de setembro - maior protesto contra o governo desde 2008: insegurança, corrupção, inflação, o projeto de re-reeleição e, principalmente, as restrições à compra de dólares.

A mobilização é toda feita pelas redes sociais, o que já é cada vez mais comum não só por aqui. Maior exemplo disso foi a primavera árabe.

Pelo twitter e facebook, há mensagens a favor e contra o movimento. Os aliados do governo criaram um grupo chamado "8N yo no voy", ainda menos popular nas redes que o dos oposicionistas.

As trocas de farpas e acusações não se restringem ao formato 2.0. Tomam conta dos jornais, das ruas, dos discursos políticos. A cidade amanheceu com cartazes dos dois lados.

Os aliados do governo costumam desqualificar os protestos porque os manifestantes são principalmente gente de classe média, "burguesa". E daí? São cidadãos com pleno direito de protestar.

O meu primeiro panelaço foi em maio, assisti praticamente da janela de casa. O de hoje, se vocês querem saber se yo voy o no voy, digo: Yo voy. Mas vou trabalhar. Por enquanto, nada de bater panela.

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