Em Buenos Aires

terça-feira, 11 de maio de 2010

Mulheres do Iraque

Comovente a matéria publicada no site da CNN sobre as punições contra as mulheres vítimas de tráfico humano no Iraque.

Uma delas é uma menina de 15 anos vendida pelo pai pra ser escrava sexual na Arábia Saudita. Ela conseguiu fugir, mas em vez de ser acolhida no país de origem foi presa por regressar com um passaporte falso.

Outro caso semelhante é o de uma jovem de 22 anos, que tentou processar o pai quando descobriu que seria vendida. O desfecho trágico: ela estuprada e ele morto. De vítima a culpada, hoje cumpre pena de 15 anos.

Mais que a cruel punição do Estado, essas meninas temem ainda as reações tribais e familiares, muitas vezes piores. Numa sociedade onde as mulheres são vítimas de todo tipo de exclusão, a mão mais feroz é exatamente aquela que deveria proteger.

Eu não defendo o determinismo cultural, mas também não me rendo a explicações simplistas de que a culpa é do Islã ou de que aquele povo do outro lado do mundo é mesmo primitivo.

A perversidade humana é maior do que podemos imaginar e independe de raça, credo ou país de origem. As leis islâmicas sobre as mulheres foram criadas para proteger e não para punir. É o caso do véu ou da poligamia masculina. Interpretações ahistóricas e descontextualizadas podem e tem levado sim a exclusão e submissão feminina em diversas sociedades.

Mas é bom lembrarmos que exclusão e submissão feminina não são exclusivas dos nossos irmãos do Oriente Médio. Lá ou aqui, as mulheres sofrem todo tipo de violência; com ou sem conivência do Estado, com ou sem a desculpa religiosa ou cultural. São relações históricas de dominação e subordinação que colocam as mulheres à margem. Isto também na nossa sociedade. Não foi, portanto, Maomé quem inventou.     
 

Um comentário:

  1. oi marina,

    gostei da reflexão! suas colocações são muito interessantes.

    beijos

    tahiana

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