Em Buenos Aires

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Crescendo em duas (ou mais) línguas

Eu confesso que já me recomendaram várias leituras sobre crianças bilíngues e nunca parei pra ler com calma ou realmente pensar sobre isto. Sempre achei que seria bom para o Tomás aprender dois idiomas ao mesmo tempo.

Do pouco que tive conhecimento, crianças bilíngues demoram um pouco mais a falar. Outro dia, conheci uma especialista em linguística e mãe de criança bilíngue que me confirmou esta informação, mas achou que o Tomás fugia um pouco à regra. Porque ele fala muito e bem tanto em português como em espanhol.

Apesar do contato com os dois idiomas, o Tomás começou a falar cedo, mas misturava muito. Formulava frases como "eu quero jugo" ou "no me gusta este brinquedo". Com o tempo, aprendeu a diferenciar e até traduzir, embora ainda solte um "está caliente" de vez em quando. E aqui em casa biscoito sempre foi galletita e sobremesa, postre.

Das coisas mais lindas que já ouvi na minha vida é o Tomás me chamar de mamita. Embora também diga mamãe e mãe. Também adoro escutá-lo dizer "yo solito", quando quer fazer alguma coisa sozinho.

Cada vez mais, ele está aprendendo a diferenciar e só fala português comigo e com o pai (e quando está no Brasil ou com amigos nossos brasileiros, claro). Ele até me ajuda com o espanhol. Quando não sei uma palavra pergunto pra ele. Acho que ele pensa mais em espanhol, porque é a língua escolhida para falar sozinho e nas brincadeiras. Mas é normal, afinal, a maior parte do mundo dele -escola, amigos, televisão -, é em espanhol.

Só que agora apareceu o inglês. O Tomás tem aula de inglês todos os dias na escola e como já entende há algum tempo que existem diferentes idiomas, tem muita curiosidade. Chega da escola e me pergunta "how are you today?", conta e fala as cores em inglês (já fazia antes porque eu ensinei) e o tempo todo quer saber como é tal palavra em inglês. Pede para ver os desenhos em inglês e inventa palavras também. No dia do aniversário, pediu parabéns em inglês.

Minha mãe diz que ele vai ficar confuso com tanta informação, mas eu acho que ele é privilegiado. E nós também que estamos proporcionando o aprendizado sem arcar com o custo de uma escola bilíngue.

No próximo ano, voltamos ao Brasil e é bem possível que ele esqueça o espanhol, porque terá apenas quatro anos. Mas eu pretendo me esforçar para que isso não aconteça. Talvez seja a hora de ler e pesquisar sobre o assunto. De qualquer forma, acho que a semente está plantada e, no mínimo, ele terá facilidade para aprender idiomas no futuro. Tomara que sim.

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