Há algum tempo, eu queria tirar fotos dos murais da Evita no Ministério do Desenvolvimento Social, mas quase nunca vou pros lado de lá. Hoje, aproveitei que estava por perto e sentei num café bem próximo ao prédio, na Avenida 9 de julho. Assim que tirei a câmera da bolsa, o garçom me alertou: moça, esconda sua câmera, senão passam uns "chicos" e levam. Só consegui fazer uma única foto (que nem ficou boa, mas postei assim mesmo), tomei meu café rapidamente e fui embora.
Vim pra casa pensando em escrever sobre a sensação de insegurança que percebo em Buenos Aires. No começo, nem me ligava nisso. A cidade é tão linda que ofuscava qualquer perigo. Mas com o tempo, acabei entrando um pouco na onda.
As pessoas falam muito na insegurança, a televisão mostra assaltos o dia todo e a violência é sempre apontada pelos manifestantes como um dos motivos para os "cacelolazos" contra o governo. No site do Consulado do Brasil, tem um alerta para os turistas brasileiros sobre o grande número de furtos. Tudo isso, infelizmente, me lembra muito a minha Fortaleza, onde as pessoas vivem em pânico. A diferença é que aqui ainda não encontrei segurança armado na porta dos comércios, o que é tão comum por lá.
Segundo a última pesquisa do Latinobarômetro, o principal problema do país para o argentinos é a violência, com 35% das citações espontâneas. Para os brasileiros, o principal problema é a saúde com 18%. Mas a percepção pode não ser um retrato fiel da realidade.
A capital portenha tem uma taxa de homicídio de 5,81 por cada 100 mil habitantes, segundo relatório da Justiça Argentina de 2010. A capital brasileira com melhor índice é São Paulo e tem mais que o dobro, 13,7. Fortaleza está em 12⁰ lugar, com 45,9 homicídios por cem mil habitantes e a capital mais violenta, Maceió, com 109,9. Os dados brasileiros são do mapa da violência divulgados neste ano com base em 2010.
O número de homicídios costuma ser o indicador mais concreto para medir a violência, porque em casos de furto, por exemplo, ou de violência doméstica e sexual, costuma haver muito sub-notificação. Mas não explicam a sensação de insegurança, já que o medo é subjetivo e muito ligado àquilo que nos afeta. Se as pessoas sentem insegurança, deve sim haver uma razão para isto.
Quando comecei a escrever este texto, uma amiga comentou no facebook que sofreu uma tentativa de assalto hoje em San Telmo. Não quero alarmar ninguém, afinal, os números mostram que Buenos Aires é mais segura que qualquer capital brasileira. Mas não custa nada ficar atento e seguir o aviso do Consulado.
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