Hoje foi o último dia de aula do Tomás e amanhã será a festinha de encerramento. Eu já chorei na última reunião, na despedida das “maestras” e dos amiguinhos e amanhã vou derramar mais algumas lágrimas de emoção. Não tenho a menor vergonha de assumir que junto com o Tomás nasceu uma mãe e uma chorona.
Nestes últimos dias, eu vou revivendo alguns momentos, tentando guardar outros na memória e tentando prolongar outros ao máximo. O tempo passa muito rápido e, com filho pequeno e tantas mudanças de cidade e país, isso fica ainda mais claro. Os meus três últimos anos foram doces, doces... E é por isso, que o fim da escola mexe tanto comigo.
Não é só porque a gente vai embora da Argentina, vai começar outra vez em outra cidade, nem porque eu gostava tanto da escola. Mas porque é o fim de um ciclo e de um período muito gostoso da vida do meu filho. Quando chegamos aqui, ele era um bebê e agora já é quase um menino grande, como ele gosta de dizer.
Lembro da primeira vez que o deixei na escola. Ele ficou chorando. Tudo tão diferente das creches que estamos acostumados no Brasil, com outros hábitos e outra língua. Mas o deixei, mesmo me achando meio maluca. E hoje vejo que foi a melhor coisa que fiz.
Foram tantos lindos momentos. De levá-lo e buscá-lo, conversando e cantando pelo caminho, ouvindo as primeiras palavras em espanhol, depois as duas línguas cada vez mais misturadas e separadas. De festinhas, de passeios na praça depois da aula. De casas de amigos e amigos em casa.
Tantas canções em espanhol que nunca aprendi a cantar direito, um “auto de papá” e “um chino capuchino”. Fizemos brigadeiro na escola e levamos pão de queijo. Aprendi que um pentagrama é “uma coisa de clave de sol”, que uma antologia “é um livros com cuentos e poesias” e que a Frida Khalo fazia auto-retrato.
E um dia o Tomás chegou falando de um Gugaglim. Perguntei quem era e descobri que é um senhor que fez uma pintura chamado o beijo. Eu adoro Gustav Klimt e fiquei encantada. Uma escola que ensina Gustav Klimt e Frida Khalo é mesmo pra me fazer chorar.
Então aguenta coração, porque amanhã tem mais emoções.